26/05/2021 - Pequeno Expediente Dr. Yglésio Yglésio Moyses

Yglésio Moyses

Aniversário: 19/09
Profissão: Médico

Discurso - download do áudio



O SENHOR DEPUTADO DR. YGLÉSIO (sem revisão do orador) - Bom dia a todos e todas. Senhor Presidente, trago à tribuna alguns assuntos que dominaram os últimos dias nos noticiários e obviamente tratar da questão da cepa indiana que há vários dias vem sendo o assunto mais comentado aqui no Maranhão. E é necessário que se faça alguns esclarecimentos, mas nós vamos por partes, aqui para deixar o pronunciamento de uma forma muito organizada. Primeira coisa que a gente vai comentar é o incêndio que aconteceu no domingo, no dia 23 de maio, no Adventure Bar, na Litorânea. Felizmente, não houve feridos, o proprietário alega que o incêndio começou no telhado, que é um telhado ainda de palha. Eu tive oportunidade de conversar com um dos bombeiros, que fez o atendimento e que conheceu o local do acidente, e ele falou que muito provavelmente tratava-se de uma pane elétrica, foi o que o bombeiro inicialmente nos relatou, é óbvio que a gente vai acompanhar o laudo final para saber o que, de fato, aconteceu. Existe um problema muito grande na Litorânea, que e aquela questão daqueles telhados de palha. Há uma quantidade grande de gordura que se acumula naqueles exaustores, essa gordura, claro, ela é inflamável, e o acúmulo da gordura, quando não há uma limpeza adequada nos bares, aí a gente chega a situação de que quando a gente está um momento de pandemia, que caiu o faturamento, que reduz o faturamento, e que o empresário tem menos condições de fazer a limpeza, inclusive porque produto de limpeza aumentou bastante, eles vão começando a negligenciar. Eu não estou afirmando que foi o que aconteceu, mas estou relatando que pode estar acontecendo, não apenas no bar que pegou fogo, e a partir desse momento, todos os bares, da Avenida Litorânea, eles ficam sujeitos a esse tipo de problema. Voltando à questão do teto, aqueles tetos de palha, eles já deveriam ter sidos substituídos. Há uma determinação, me parece que da Prefeitura, e de que não se pode fazer a modificação por telhas, o que é obviamente absurdo. Deputado Wellington, por gentileza, tem orador aqui na Tribuna. Então, há uma determinação, de que aquelas palhas dos tetos, elas não podem ser, há uma determinação de que aquelas palhas no teto não podem ser substituídas e é óbvio, que é muito mais seguro, se a gente conseguisse fazer a substituição por telha, material que não é inflamável, em princípio. Tem conseguido fazer a substituição apenas quem entrou na Justiça, já chegou, já passou da hora, na verdade, de nós reunirmos SPU, que é detentora das licenças, a Prefeitura de São Luís que, desde a gestão do Prefeito Edivaldo, deveria ter assumido esse termo de administração e gestão das praias, há vários anos, ele já está para ser assinado, não foi, espero que o Eduardo Braide assine, para que a Prefeitura possa organizar aquilo ali. Porque hoje nós não tivemos vítimas, domingo não houve vítimas, mas vai chegar o momento que vai acontecer com alguém, por quê? Porque a gente está vendo a tragédia e seus motivos, se repetirem, sem qualquer tipo de correção de rota. Então, para não ficar apenas levantando problema, o que a gente já fez? Nós fizemos uma Indicação para o Corpo de Bombeiros, para que todas essas licenças de funcionamento sejam revistas. Nós vamos conversar com o pessoal da Semur e também conversar com o pessoal da SPU para poder juntar todas essas pessoas, chamar, claro, o Ministério Público, que sempre está envolvido nessas causas também para fazer um acordo, um acordo que permita sair com decisões que vão garantir a segurança das pessoas, que é o que é mais importante. Nós já começamos a disparar os ofícios para os representantes dos bares da região, para Secretaria Municipal de Urbanismo, Promotoria do Consumidor e Corpo de Bombeiros. Então, essas foram as providências retomadas em relação a esse caso. O próximo tema que eu trago à tribuna é em relação à cepa indiana, aqui no Maranhão. Nós já tivemos identificação positiva, a gente sabe que tem um paciente internado, no UDI Hospital, há algum tempo, esperamos que ele se recupere. Hoje nós tivemos uma notícia de que 38 tripulantes do navio desembarcaram e estão hospedados no Hotel Luzeiros. Não há transmissão local ainda detectada, mas eu acredito que terá logo, logo, tendo em vista a transmissibilidade do vírus que é alta, mas, diga-se de passagem, inferior à variante de Manaus. Aquilo que aconteceu na Índia foi resultado de um grande encontro religioso que reuniu, num só ambiente, dois milhões de pessoas. Claro que aquilo ali, exponencialmente, vai se transformar num surto de proporções gigantescas, mas, passado o “boom” que aconteceu nas últimas três semanas, a última semana na Índia já teve uma queda significativa de casos relatados e de óbitos. Ao que tudo indica, a variante indiana é menos mortal do que a variante P1 de Manaus. Em relação às vacinas, o que a gente já tem de certeza em relação às vacinas? Vacina da Pfizer e a vacina da Astrazeneca funcionam contra a cepa indiana, mas na mesma proporção? Não, tem uma perda de eficácia de 10% a 15%. Se a Pfizer funciona 92%, ela vai funcionar ali 77% aproximadamente em relação à variante indiana. Aí tem a situação que eu abordei recentemente na minha rede social do pessoal que está debochando literalmente de quem tomou Coronavac, porque a vacina, teoricamente, teria uma eficácia de 50%, mas não é bem assim. Hoje mesmo, à noite, nós vamos soltar um vídeo explicando, de maneira muito didática, por que a Coronavac continua sendo uma boa vacina em relação às outras variáveis. Hoje já descobriram uma cepa no Sudeste, variante P4. Vai surgir toda hora. Então por que a Coronavac pode ser uma boa vacina? Porque ela pega o vírus completamente inativado, todo o corpo do vírus, e entrega ao organismo. A partir do momento que ela entrega para o organismo, todas as partes do vírus diferentes das outras vacinas, Pfizer e AstraZeneca que pega um pequeno pedaço onde acontece a mutação, a mutação E-484K, pega só um pedacinho que gera anticorpos, mas, quando o vírus muta, e é geralmente nesse pedacinho, o organismo termina não reconhecendo as outras variantes, as novas variantes. Então, a Coronavac, por mostrar o vírus todo, cria uma proteção contra vários tipos de mutações, o que pode gerar uma resposta de anticorpos inclusive mais duradoura. Então, não dá para debochar da Coronavac que continua sendo uma vacina importantíssima. Eu mesmo tomei Coronavac recentemente, tenho andando por ambientes hospitalares e nunca tive nenhum tipo de sintoma relacionado à covid-19, então é importante. E aí o último tema que eu trago hoje, tendo em vista já o avançado da hora, e amanhã eu tenho certeza de que a gente vai poder fazer uma discussão muito interessante, de repente até no Tempo dos Partidos e Blocos, sobre a questão dos combustíveis. Vou falar um pouquinho do que eu acho mais importante que está sendo negligenciado aqui no nosso país, não é problema de Maranhão, não é problema de São Luís, não é problema político, é um problema técnico, especialmente um problema de justiça social. Nós estamos falando da vacinação das pessoas mais pobres do país, das pessoas hipossuficientes. E aí eu vou explicar por que eu estou falando isso. Nós iniciamos a vacinação das pessoas com comorbidades e nunca antes o abismo social ficou tão evidente quanto agora, sabe por quê? Porque as pessoas com comorbidades que conseguiram laudos são as pessoas geralmente que têm acesso a um médico amigo ou um médico do SUS, que conheça, que tem um jeitinho ou ainda um médico do seu plano de saúde ou um médico particular que ele vai lá, paga, sai com um laudo e vai direto para o Multicenter Sebrae se vacinar. E aí eu pergunto: o morador de periferia, o preto, pobre, maranhense que ganha menos de meio salário mínimo de renda por mês, que depende de serviço social, que depende de marcação de Cemarc para ter um laudo da sua comorbidade, em quanto tempo essas pessoas vão conseguir um laudo para se vacinar? Então, voltando aos dados, aos números que mostram a realidade, nós temos 127 milhões de pessoas no Brasil, no CadÚnico, mais da metade da população brasileira está no CadÚnico. Nós temos uma previsão de aumento da pobreza e extrema pobreza, 61 milhões de pessoas vivendo na pobreza, 19 milhões na extrema pobreza, estudo publicado pelo Centro de Pesquisa de Economia e Desigualdade da USP, o Made USP. E aí o dado mais absurdo é o perfil dos mortos por Covid-19, chega a uma conclusão nefasta que, quanto menor o salário, menor a capacidade de testagem; quanto menor o salário, quanto mais pobre, menor a possibilidade de fazer home office, quanto mais pobre mais mortes, dentre as pessoas que têm renda entre meio salário e um salário, só 10% fizeram o teste. 10% das pessoas que ganham até um salário fizeram o teste, quanto mais pobre menor a possibilidade de fazer home office. Está aqui, dados da FGV, 28% dos membros da classe A e B puderam alterar o local de trabalho, classe D e E renda até R$ 1.926,00 apenas 7,5% das pessoas, na classe C aqui apenas 10%. Ou seja, quanto mais pobre mais obrigado a pegar ônibus cheio. A gente está vendo a lotação de covid subindo novamente, não é por nada não, é porque os ônibus continuam absurdamente lotados. Não teve nenhum agente público para chegar e resolver o problema dos ônibus, para discutir investimento no setor de transporte. Eles saem, batem fotos de renovação de frota, que está previsto em contrato, com dinheiro das empresas públicas, mas não tem ninguém na rua discutindo aumento de efetivo de frota, e 80% da população que é pobre, periférica, que mora nos recônditos do Coroadinho, da Ilhinha, que depende de ônibus, entra se espremendo todo o dia, se esmagando. E nós estamos felizes comemorando vacinação dos ricos com comorbidade. De quem tem condição de ligar para o colega, para o amigão médico e pegar o laudo de hipertensão. Isso a gente está comemorando. Há necessidade de reverter isso aqui e começar a vacinar quem está inscrito em programa social, quem mora com 10 pessoas numa casa de 30m².

O SENHOR PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DEPUTADO WENDELL LAGES – Deputado Yglésio conclua, V.Exa. pode usar o Tempo dos Blocos.

O SENHOR DEPUTADO DR. YGLÉSIO – Concluindo, Presidente. Isso que tem que ser colocado, porque a covid está circulando na pobreza, a principal comorbidade do maranhense é a pobreza, é a falta de comida em casa, é o déficit habitacional, é humilhação diária no sistema de transporte. Isso que tem feito a diferença nesse aumento de caso de covid. E para finalizar, Senhor Presidente, eu sei que já passei muito da hora, mas era um pronunciamento necessário, mostrando aqui oh, considerando aqui: análise mostra que os pacientes internados com caso de síndrome respiratória aguda grave, considerando cor e raça, letalidade de 56% entre brancos e 79% entre não brancos, quando a gente olha para o nível de escolaridade é muito pior, letalidade maior quem tem fundamental 71% morre, quem tem até o fundamental 1 morre aqui, 47%, nível médio e nível superior 33% de mortalidade, 22% de mortalidade para quem nível superior. Então, olha, tem 50% de diferença de chance de estar vivo por covid-19 por ter um diploma de universidade. Eram essas as palavras.

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