Discurso - download do áudio

O SENHOR DEPUTADO LUIZ HENRIQUE LULA DA SILVA (sem revisão do orador) - Senhores Deputados, Senhoras Deputadas, mais uma vez, me dirijo a essa Sessão Plenária. Desta vez, para falar de dois personagens da República, Senhor Presidente. Primeiro personagem nos surpreendeu, hoje, e talvez exatamente porque, no dia de ontem, começa a fazer água a sua popularidade, fruto do populismo permanente. Eu trato, naturalmente, dessa figura indigesta, chamada Jair Messias Bolsonaro, que, infelizmente, governa o nosso País. Eu sou daqueles que acredita que se a democracia, eventualmente, traz um problema, como trouxe em 2018, ela também resolve o problema. Para maus governantes não resta outra coisa do que a aposentadoria. E, no caso do cidadão Jair Messias Bolsonaro, que seja muito bem aposentado, porque ele faz muito mal ao país, que não tem nada a ver com ele nem com os seus adeptos. Ontem nós assistimos o fracasso da sua motocada. E, hoje, talvez pelo fracasso de ontem que, simbolicamente, representa a sua derrocada, no fracasso da motocada, hoje, ele nos brindou com uma patacoada, a bizarrice dos tanques em Brasília, que, mesmo na ditadura militar, só iam para a rua para bater em trabalhadores e estudantes, ou nos desfiles de 07 de Setembro. Mas num simples ato de divergência, discordância e de intimidação contra o Congresso, porque aqueles tanques, canhão em riste em Brasília, não têm outro objetivo que não seja intimidar o Congresso Nacional. Porque hoje todo mundo sabe que está sendo colocado em votação, apesar de ter sido negado nas comissões pelo presidente Artur Lira, o tal do voto impresso que o Bolsonaro tanto deseja, porque ele não passa de um imitador barato de alguém que os Estados Unidos da América já deram o devido destino, que é a aposentadoria. E tudo aquilo que representou do Donald Trump para lá está do lixo da história americana, que é para onde nós desejamos que todo esse período de desatino, de desgoverno... Deputado Wellington, V. Ex.ª falava em desgoverno agora há pouco. O desgoverno da inépcia, da incompetência, da incoerência, do absurdo não está no Maranhão. Deputado Wellington, me perdoe. Ele está, infelizmente, no mais alto poder da República. O Presidente Bolsonaro testa diariamente a nossa paciência. Ele testa diariamente os poderes constituído do país. Ele testa diariamente o estado democrático de direito. O legado desse governo é o desemprego. O legado desse governo é o Brasil de volta ao mapa da fome. O legado desse governo são vinte e dois milhões de desempregados. O legado desse governo Bolsonaro é o salário achatado, com o congelamento de 20%, que permite o aumento de salário de serviço público e dos gastos públicos. O legado desse governo é a tentativa de fazer uso, de maneira criminosa, de maneira irresponsável, de maneira absurda, da vacina por um propinoduto, na tentativa que fez em que ele foi descoberto com a mão na cumbuca e teve que recuar. O legado desse governo é a ausência de políticas públicas de saúde por três ministros da saúde num espaço de tempo de três anos, praticamente um ministro por ano, numa pasta importantíssima que tem que ter planejamento, tem que ter previsibilidade. O legado desse governo Bolsonaro são os quinhentos e sessenta mil mortos até semana passada. Esse é o legado desse governo. O legado desse governo, finalmente, para falar de Bolsonaro e não resta falar que não seja com indignação, são as rachadinhas da família. Casa de pai; escola de filho. Ele já fazia das suas com a moça do açaí e, obviamente, ensinou isso ao vereador, ao deputado e ao senador. Com a sua mágica fábrica de chocolate que lhe rende dinheiro suficiente com uma única loja, recursos para comprar uma mansão de seis milhões, em Brasília. Esse é o legado desse governo Bolsonaro e o principal legado dele, porque eu não vou falar da educação, eu não vou falar da infraestrutura, as MAs do Maranhão, deputado Wellington, são infinitamente melhores que as BRs do Bolsonaro. E eu falo isso de cadeira de quem percorre esse estado de Norte a Sul e de Leste a Oeste. O principal legado desse governo é a ameaça permanente à democracia, permanentemente ameaçando o Estado Democrático de Direito do Brasil. Não passará, Bolsonaro! Muito mais cedo que V.Exa. possa imaginar, a sociedade brasileira nas ruas, as instituições constituídas, a democracia há de dar fim à sua sana genocida, à sua sana de miséria que submete o povo brasileiro. V.Exa. conseguiu transformar um país que está entre os 10 países ricos do mundo de povo pobre, infelizmente, naquilo que V.Exa. dizia que gostaria de fazer. O Brasil virou um pária da nação, um pária de todas as nações do mundo. Você conseguiu, mas ao falar com indignação desse personagem na história da República brasileira, eu quero falar também de outro personagem. Em 2002, a esperança vencia o medo. Em 2022, a esperança há de vencer o fascismo que hoje a gente vivencia no país. Há de vencer o autoritarismo exposto nos tanques nas ruas em Brasília. Há de vencer o negacionismo à educação, o negacionismo à democracia, o negacionismo à ciência. Todo negacionismo cultural, dos direitos das minorias que o atual governo representa. A esperança em 2022 há de vencer tudo isso. A esperança do que falo, senhores e senhoras deputadas, telespectadores da TV Assembleia, ouvintes da Rádio Assembleia. A esperança que vos falo nos dará o prazer de estar conosco no próximo dia 19 e no dia 20. Essa esperança que falo é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula estará entre nós na próxima semana, iniciará a sua viagem ao Nordeste pelo o seu estado natal Pernambuco, em seguida virá para o Piauí, deputada Socorro, sua vizinha Timon, Teresina, nos dias 17 e 18 e na sequência estará entre nós, nos dias 19 e 20, onde será recebido pelo governador Flávio Dino onde será recebido pelo povo do Maranhão, onde será recebido pelo Partido dos Trabalhadores, onde será recebido pelos movimentos sociais, onde será recebido pela academia, onde será recebido por todas as pessoas que querem o bem do Brasil. A esperança que venceu o medo, em 2002, há de vencer o arbítrio em 2022. E o Lula traz na bagagem não só a esperança, presidente Paulo Neto, o Lula traz na bagagem, principalmente a sua história de melhor presidente da história da República brasileira. Lula traz na bagagem o comprometimento com a democracia. O Lula traz na bagagem tudo aquilo que foi capaz de fazer em 08 anos de governo. Tudo o que o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula, a maior expressão viva, política do Brasil, uma das maiores referências do mundo, da esquerda, uma das maiores expressões mundiais dos valores democráticos, o nível de Luiz Inácio Lula da Silva é o nível de Nelson Mandela, o nível de Martin Luther King, o nível das grandes expressões mundiais comprometidas com tudo aquilo que é belo, com tudo aquilo que é humano, com tudo aquilo que é socialmente justo, com tudo aquilo que é correto. Depois de passar todo calvário que passou, preso para impedir que voltasse a governar o país, para impedir que ele voltasse ao Palácio do Planalto, três anos depois desse calvário, todos os 15 processos contra o ex-presidente Lula foram devidamente arquivados sem provas, porque não tinha provas de nada do que aquele cidadão, que não merece esse nome, o Sérgio Moro o acusava, um juiz parcial, um juiz inadequado, um juiz que vestiu a camisa partidária para tirar da disputa o ex-presidente Lula, para botar o Brasil nesse buraco que eles enfiaram.

A SENHORA DEPUTADA SOCORRO WAQUIM – Deputado, permita-me um aparte?

O SENHOR DEPUTADO LUIZ HENRIQUE LULA DA SILVA – Permito, com certeza.

A SENHORA DEPUTADA SOCORRO WAQUIM (aparte) – Eu quero aproveitar esse momento, deputado, para dentro da sua fala, fazer um testemunho aqui. Eu fui prefeita municipal do município de Timon, nossa gestão pôde vivenciar todo esse sentimento nacionalista, humanista, altruísta, social de resgate da pobreza na gestão do ex-presidente Lula. A exemplo disso, eu posso dizer para o senhor e testemunhar, que só na cidade de Timon, que é uma cidade de 170 mil habitantes, hoje, foram construídas 8 mil casas populares no programa Minha Casa Minha Vida, entregues as chaves, e para mim isso e o grande testemunho da preocupação com a pessoa, com o trabalhador, com a família que a gestão do ex-presidente Lula trouxe ao nosso País. Dar a casa própria, a segurança, a tranquilidade, acima de tudo, a garantia da geração de empregos, cada casa dessa no mínimo trabalhou três, quatro pessoas: pedreiro, marceneiro, eletricista, né, o ajudante. E a economia, quanto cresceu a economia, venda dos insumos, dos produtos, circulou dinheiro. Com esse meu testemunho, e eu poderia dar aqui muitos outros, como, por exemplo, a escola que nós chamávamos, antigamente, de Escola Técnica, que hoje são IFMAs, que trouxe a tecnologia, o conhecimento e uma nova realidade com a agregação de valores muito grande para a juventude. E no meu município, são duas pontas que eu coloco aqui na sua fala para dar sustentabilidade ao que o senhor defende agora de que no governo Lula foi um Governo que realmente teve como parâmetros principais, o homem e a democracia. Então, faço esse registro com muito orgulho, com muita alegria, para dizer que foi um tempo que por meio da minha cidade eu vi geração de emprego, renda circulando, e as políticas sociais acontecendo. Muito obrigada, Senhor Deputado.

O SENHOR DEPUTADO LUIZ HENRIQUE LULA DA SILVA – Muito obrigado também pelo aparte, Deputada Socorro Waquim, e a senhora encarna uma síntese do que foi aquele período, a senhora é uma mulher, e a senhora sabe que no governo do ex-presidente Lula, as políticas afirmativas para a mulher aconteceram, a mulher tinha até Ministério específico para discutir a sua política. V. Exª. dá um testemunho como prefeita, eu não conheço na história da República, período mais frutuoso, mais primoroso em que as prefeituras e os prefeitos foram parceiros do Palácio do Planalto. O ex-presidente Lula fazia anualmente conferências com os prefeitos, discutia a pauta municipalista, devolvia isso na forma de políticas públicas concretas. V.Exª. fala na condição também de Deputada, quando fala de democracia, quando reconhece que esses valores, com o Estado Democrático de Direito, os valores que sustentam a República, num período talvez, talvez não, com certeza, mais logo de nossa experiência democrática. É o período mais longo que nós vivemos de experiência democrática de tantos sobressaltos que tivemos desde a República, desde o Império à República Velha, até a Nova República até chegarmos no momento em que vivemos, no momento contemporâneo. A senhora, portanto, deputada, é a síntese daquele momento. A sua fala é emblemática, é o testemunho de quem viveu a história, de quem foi parceira da história de um presidente que se ocupava de todas as coisas que um presidente tem que ocupar, com a responsabilidade de que tem ao assumir um cargo daquele. A senhora falou do Minha Casa Minha Vida, a senhora falou do IFMA. A realidade do Maranhão, e não é diferente da realidade do País, a partir daquele Programa Minha Casa Minha Vida, mudou, são milhões de brasileiros atendidos por esse programa, milhões! não são milhares, são milhões. Detalhe: não só os trabalhadores da zona Urbana, deputado Paulo Neto, mas também os trabalhadores da zona rural. O ex-presidente Lula é responsável praticamente pela erradicação das casas de taipa no Maranhão, o governador Flávio Dino é responsável pelas escolas de taipa, mas o governo do ex-presidente Lula foi responsável, praticamente, pela erradicação das casas de taipa no Maranhão com um programa rural, o PNHR , que tão bem ele conduziu. Mas se a gente for falar do ex-presidente Lula, do seu legado, tem muita coisa para dizer. A deputada citou o IFMA, havia apenas 3, deputada, apenas 3. Hoje se eu não estiver enganado são 31, espalhados, três, detalhe, deputado Paulo Neto, três, um em Imperatriz e dois em São Luís, no período Lula dotou o Maranhão todas as cidades macrorregionais, as cidades-polo de um Instituto Federal. O ex-presidente Lula praticamente aposentou a lamparina no Nordeste, no Norte e obviamente no nosso Estado do Maranhão, ‘’O Luz Para Todos’’ chegou em todos os lugares, inclusive Ilhas, lugares ermos, de uma hora para outra transformou vida das pessoas, porque não era só energia, deputado Paulo Neto, que chegava. A energia propiciava a produção, a Casa de Farinha que era na mão, eu quando menino, filho de lavradora que fui, neto de lavradora que fui, minha avó fez roça até aos 96 anos de idade, e quantas vezes eu não ia ralar mandioca ajudando ali na mão, para rodar o catitu, quantas vezes não fiz isso. A prensa era com pedra e com os pés da gente, a farinha era também como ainda tem hoje em alguns lugares, o uso da mão para mexer a farinha, hoje tudo é maquinizado, o que permitiu isso? ‘’O Luz Para Todos’’ colocou de uma hora para outra, água gelada na casa do mais humilde trabalhador; um bico de luz ou mais de um; o ferro elétrico, aposentando o carvão, o carvão virou instrumento para churrasco na era Lula. Porque na era Lula, o trabalhador comia carne, bebia cerveja, fazia churrasco. O Luz para Todos, portanto, trouxe também a informação, a mesma informação que o complô judiciário, midiático, do capital, dos interesses da elite, dos interesses internacionais apeou a Dilma do poder com uma alegação de pedalada fiscal para que três anos depois ela também seja inocentada pelos tribunais, que ela nunca cometeu pedalada nenhuma. O Bolsonaro já cometeu, o último levantamento de crime de responsabilidade, feito, são 37, e nada acontece, porque ao contrário da Dilma que não comprou o Centrão, ele comprou. Quando a gente fala de Lula, a gente fala do Bolsa Família que de novo esse presidente desastrado que como não tem nada para oferecer, nada para apresentar muda o nome, quer mudar o nome: Renda Brasil, para dar uma chancela para o ano que vem dizer que é dele. O filho, ele é um pai impostor, ele agora quer a paternidade da criação de um programa que foi um programa redentor para o país, ele quer agora também ter a paternidade de um filho que não é dele, que é o Bolsa Família. Falar do ex-presidente Lula é falar do PROUNI, que dobrou o número de estudante nas universidades, que permitiu que negros e pobres pudessem sentar lado a lado em escolas públicas, que são as melhores universidades públicas deste país, do lado de filho de rico, porque as universidade federais, as universidades estaduais eram monopólio de rico. E o PROUNI e o FIES colocaram alunos da classe trabalhadora lado a lado dos ricos. Botou esses alunos para fazer intercâmbios internacionais, como o Ciência sem Fronteiras, qualificando a nossa mão de obra nacional. O ex-presidente Lula, quando se fala do ex-presidente Lula, tem que falar no Pré-Sal. O Pré-Sal que eles desmontaram parte da PETROBRAS para entregar para o capital internacional. O golpe foi dado foi para isso, para entregar o Brasil, o patrimônio do Brasil, como fizeram com os correios agora, como querem fazer com a Eletrobras, que é fruto, inclusive, de um pedido de audiência pública nesta Casa por este deputado para fazer esse debate. Nós temos que nacionalizar esse debate. Problema dos correios, o problema da Eletrobras, que vai estourar na conta de luz dos trabalhadores é um problema da Assembleia Legislativa também. E nós temos que fazer isso, nós temos que fazer esse debate. Quando nós falamos do ex-presidente Lula, nós falamos de um país de cabeça erguida que pagou a dívida externa. Os governos brasileiros não governavam. Vinham técnicos lá do FMI dizer como é que tinha que ser. O governo Lula acabou com essa molecagem, pagou a dívida deles e os tirou daqui. Vão cantar em outra freguesia. O governo Lula é o governo do salário digno, diziam: o Brasil não pode pagar 100 dólares porque, senão, quebra. O Lula provou que pode, e o país cresceu. O governo do ex-presidente Lula é o governo dos BRICS, é o governo que reuniu o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul para discutir o desenvolvimento do mundo dos países em desenvolvimento, dos países que não estão no G7. O governo do ex-presidente Lula é o governo que inspirou o G20, de maneira de tal que esses países pudessem sentar no banco com os grandes países do mundo. É por isso que esse governo foi apeado do poder, porque ele estabeleceu o mínimo de condição para que essa nação, que, quando nós assumimos o governo, era a 13ª nação do mundo e, quando nós deixamos o governo, essa nação era a nação da 6ª maior economia do mundo. E dizem que nós quebramos o Brasil. Como? Isso é uma mentira indigna. Nós recebemos esse país com 28 bilhões em caixa, Deputado Paulo Neto, e nós entregamos para o Bolsonaro com 372. A Petrobras era a 6ª maior petrolífera do mundo e nós entregamos como a terceira. Portanto nosso legado, além de ser um legado econômico, respeitável, é um legado que essa economia tinha uma razão de ser. Ela andava na direção do povo. Ela andava na direção do povo na educação. Ela andava na direção do povo na saúde. É só ver o que nós fomos capazes de fazer com o Mais Médicos, com as UPAs. E bastou cinco anos deles, desse governo liberal para que todo esse legado fosse colocado em xeque. E o país, hoje, vive da forma que vive. Portanto, na próxima semana, Presidente Paulo Neto, nós iremos receber no Maranhão com muito orgulho, com muita alegria o maior presidente da história deste país, a esperança que venceu o medo. Vai ser a mesma esperança que irá derrotar o arbítrio. A esperança que vai voltar a respirar os ares de democracia que o Brasil precisa como nação independente e soberana. Seja bem-vindo, Luiz Inácio Lula da Silva ao Maranhão. E eu tenho muito orgulho de carregar no meu nome, desde 2018, o nome Lula, o Luiz é meu, o Henrique é meu, o Silva também, me chamo Luiz, me chamo Henrique e me chamo Silva de Sousa, um filho de um pedreiro e de uma sertaneja, de uma cearense que veio fugida da seca de 15, minha avó, de uma negra quilombola, mãe do meu pai, também filho de quilombola. E o Lula também, Presidente Paulo Neto, porque era um dos apelidos de criança que tinha. Mas não foi por isso que adotei o nome do Lula em 2018. Adotei o nome do Lula pela convicção que tinha de celebrar, pela convicção que tenho de respeito ao maior presidente da história que esse país já teve. Muito obrigado, Senhor Presidente, pela tolerância. Seja bem-vindo Luiz Inácio Lula da Silva!