24/08/2021 - Pequeno Expediente Dr. Yglésio Yglésio Moyses

Yglésio Moyses

Aniversário: 19/09
Profissão: Médico

Discurso - download do áudio



O SENHOR DEPUTADO DR. YGLÉSIO (sem revisão do orador) - Bom dia a todos! Bom dia a todas! Eu trouxe hoje um assunto e uma reflexão em relação à educação nesse período que a gente vem passando que conveniamos chamar de pandemia. O que a gente chama de pandemia, hoje, na verdade, é o prenúncio de um grande déficit educacional. A maioria das pessoas não conseguem nem dimensionar o que a gente tem hoje programado para os próximos anos em termos de problemas para a educação, principalmente dos estudantes da escola pública. E eu trago essa reflexão, porque essa semana eu tive a oportunidade, na verdade, ontem, eu recebi no meu Instagram uma denúncia em relação à situação do ensino na UEB Odylo Costa Filho, aqui em São Luís. A escola é única escola do Alto da Esperança na região do Itaqui-Bacanga. Ela tem cerca de 50 alunos matriculados. O que é a denúncia dos pais? Os pais denunciam que, durante as aulas presenciais suspensas, em virtude da pandemia, duas das turmas do 3º fundamental não tiveram contato com o professor. Imagina nós já estamos há mais de um ano, esse pessoal, essas crianças, esses pais, toda essa comunidade, terceiro ano fundamental sem contato com o professor. E aí como é que têm sido feitas as aulas nesse período? As aulas são limitadas ao uso de uma apostila. O pai vai lá, a mãe vai lá, pega na escola e leva para casa. O pai, praticamente, tem a obrigação de dar aula para a criança em casa, por quê? Porque não existe um acompanhamento presencial. A gente tem essas apostilas reaproveitadas de outras turmas. Os pais não são orientados em relação à metodologia das aulas e não possuem nenhum tipo de acompanhamento, nem pelo WhatsApp. O pessoal que trabalha na escola, os professores, quando tem um professor na turma, passam a apostila, tem a meta do conteúdo e, uma semana ou uma quinzena depois, tem a devolução desse material. Os pais são apenas comunicados sobre essa entrega de atividade, não tem nenhum tipo de suporte tecnológico. E como suporte tecnológico a gente está falando do básico, dados, acesso à internet. Havia um contrato com a operadora Claro. Eu não entendi: não houve uma manifestação em relação ao porquê dessa suspensão. O fato é que há uma grande quantidade de estudantes da rede pública municipal de ensino que não tiveram acesso a dados. Isso não é uma questão em relação à Prefeitura. Se eu receber, por exemplo, se qualquer pai, ou mãe, ou aluno estiver me assistindo agora pela TV Assembleia, por qualquer dos canais, pela internet, quiser me fazer uma denúncia em relação à rede estadual, não tem problema nenhum, vou subir aqui à tribuna, se existir o problema, de fato, nós vamos averiguar, porque isso aqui quem me trouxe foi uma professora da escola, não foi um pai, não foi um aluno, foi alguém que trabalha dentro da instituição e que está angustiada com o fato de ver crianças sem aula. Para quem hoje tem condição de pagar uma escola particular já não consegue ter a mesma qualidade de aprendizado que tinha antes da pandemia, bem aqui na escola da própria Assembleia a gente tem uma aula semana, aula na outra semana dos mais jovens, para as crianças pequenininhas, minha filha até estuda aqui tem uma oportunidade, fica uma semana, na outra já não fica, aquilo quebra o ritmo, nas outras escolas também faz rodízio, na maioria delas. E aí na escola pública não chega ao ponto nem de ter o básico, nem o mínimo remoto, a gente pensar em álcool em gel e estrutura de sala quando tem muita universidade privada que está colocando 70 alunos numa turma, de uma maneira irresponsável, eu diria, até porque todo mundo aqui pode ter certeza, daqui a três meses, é muito provável que volte a termos altos níveis de covid-19, aqui no Maranhão, no Brasil vai ter, por quê? Por que eu estou fazendo terrorismo? Não! Porque, lá em Israel, que vacinou 70% da população com duas doses, eles estão enfrentando novamente alta de casos. Eles estão tendo menor mortalidade, mas continua com alta de casos. Aqui no Maranhão, a gente vacinou 20% da população com duas doses apenas, estamos caminhando, a passo de tartaruga, porque simplesmente as pessoas parecem que desistiram de ir se vacinar, a gente não entende por que, as pessoas parecem que se acomodaram com uma dose, só um instantinho, já vou terminar, importante isso aqui, de acordo com os pais de alunos, uma das professoras estava doente, a outra licença maternidade, desde janeiro, durante esse período nem sinal, deputado, da escola mandar um professor para substituir. Isso é uma coisa muito séria, parece assim uma coisinha de 50 alunos dentro de um universo de 86 mil, mas é uma situação que se repete sistemicamente. Nossa amiga deputada Betel aqui tem uma visão grande de pedagogia, sabe disso, se a gente tem um sistema em que a estrutura dela, desse sistema, não colabora para termos um contato do professor com aluno, com ferramentas básicas, se não dá para fazer presencial, eu tenho que ter o remoto funcionando, se eu não tiver o remoto funcionando, eu não terei depois como cobrar desta criança um desempenho. E aí eu vou recorrer, deputado César, porque a gente já tem aqui em São Luís, não é do tempo do Braide não, é de quando lá atrás, é desde lá atrás, as pessoas praticamente aprovam automaticamente, porque nada justifica o IDEB que a gente tem com 96% de aprovação escolar, 96 a 98, que é o nosso índice. Então estão aprovando os alunos há muitos anos, de maneira automática, e o prefeito que focou 8 anos na cidade, que agora quer ser governador do Maranhão, e a gente respeita a pretensão, não conseguiu também mudar isso aqui, e o Braide, que o sucedeu, está no mesmíssimo caminho, lamentavelmente, a gente quer é que o aluno tenha a aula. Quando a gente traz isso aqui para a tribuna é para chamar a atenção mesmo, porque você não pode tirar a possibilidade de a pessoa transcender na vida. A gente estava voltando do interior essa semana, eu pesando ali, voltando de Morros para cá, num pós-plantão de sábado para domingo, voltando e a gente conversando, Deputado, como é que essas crianças que moram no povoado, que não têm acesso ao mínimo de escola. Só uma providência divina, praticamente, para tirar uma criança que sai do interior do Maranhão, de um povoado, para que ele consiga chegar em uma universidade, estudar, fazer uma carreira, para, depois, dar um salto geracional. Isso é uma coisa que a gente joga. É como se a gente jogasse numa peneira, e um pouquinho ali passasse apenas. Na peneira fica um monte de gente pela fatalidade da vida e aqui...

O SENHOR PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DEPUTADO CÉSAR PIRES – Deputado.

O SENHOR DEPUTADO DR. YGLÉSIO - Estou terminando, Presidente, peço perdão. Mas dada a importância aqui. Então, ao final, o que a gente tem dessa peneira, do que a gente oferece de ensino - e é preciso que a gente faça essa reflexão - nós não estamos dando base, porque o tempo ele não para, ele não volta e ele não perdoa esse tipo de omissão. Não adianta eu ir para a televisão botar meu sorriso no rosto e dizer que está tudo muito bom, que está tudo muito bem, que eu passei uma mão de tinta, coloquei um ar-condicionado na escola, se não tem o professor e se eu não tenho acompanhamento dos alunos. É uma coisa que dói. Sabe por quê? Porque a gente está tirando o futuro das crianças. Isso é sério. Isso é uma coisa muito séria e isso é grave. A gente discute as faltas, a gente discute um monte de coisa. Mas o principal, que transforma a cidade, transforma o estado, transforma o país, a gente não está preocupado de resolver o problema do aprendizado, discussão de matriz curricular, de metas educacionais reais; não é da cosmética em cima dos números que se faz aqui historicamente. Então, os pais estão com medo, para finalizar, Deputado. Sabe por quê? Porque chaga ao ponto pior. Eles têm medo de denunciar com medo de perder a cesta básica que ganham da escola, por conta de perseguição dentro da comunidade. Então, finalizando aqui, agradeço a oportunidade, peço a Prefeitura de São Luís, como todas as prefeituras do interior que não estão vendo isso, se tiver no estado do Maranhão, da mesma forma para que a gente olhe o aprendizado desses alunos e jovens. É o futuro, de fato, do Estado do Maranhão. Muito obrigado.

+ Notícias
banner-ouvidoria

ATENDIMENTO

Palácio Manuel Beckman
Av. Jerônimo de Albuquerque - Sítio do Rangedor - Calhau
São Luis - Maranhão - CEP: 65071-750
Telefones: (98) 3269-3000 | 3269-3001

EXPEDIENTE

De segunda a sexta-feira das 8h às 18h

SESSÕES PLENÁRIAS

• Segunda-feira: a partir das 16h;
• De terça a quinta-feira: a partir das 9h30.

AGÊNCIA ALEMA