28/03/2023 - Pequeno Expediente Carlos Lula Carlos Lula

Carlos Lula

Aniversário: 31/03
Profissão: Advogado, professor e escritor

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O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA (sem revisão do orador) – Exm.ª Senhora Presidente, senhores deputados, senhoras deputadas, Deputada Mical que aqui me antecedeu, já aproveito para falar. Deputada Mical, eu ainda nem dei meu voto. Eu não estou nem debatendo o tema ainda. É só para fazer essa pequena retificação. O projeto de V. Ex.ª foi dado entrada em 2021. Eu não era deputado desta Casa, eu não conhecia o teor do projeto. O projeto foi aprovado por esta Casa e vetado pelo governador do Estado e o relator, que é o Deputado Dr. Yglésio, votou ontem pela derrubada do veto do governador. A única coisa que eu fiz foi pedir vistas do projeto, porque eu queria tomar conhecimento do teor dele. Eu vou trazer o meu voto na próxima reunião da CCJ. Eu nem debati ainda o conteúdo dele. Vamos ter calma que, no momento adequado, a gente vai fazer o debate correto sobre o projeto de V. Ex.ª. Então, calma, eu só pedi vista para tomar conhecimento do teor do projeto. Em verdade, foi isso. Mas eu subo nesta tribuna, Deputado Rodrigo, Deputado Júlio, para fazer um registro histórico sobre o dia de hoje, sobre o 28 de março, também conhecido como o Dia Nacional de Luta dos Estudantes. Eu queria muito, neste momento de realidade em que se vive muitas vezes uma releitura equivocada da história, de lembrar o que foi o 28 de março de 1968. Em 1968, morreu Edson Luiz, estudante oriundo do Pará. Ele tinha 18 anos e morreu assassinado pela Polícia Militar no Centro do Rio de Janeiro. O que Edson Luiz fazia para ser assassinado? Ele participava de uma manifestação, Deputado Júlio, e aquele momento já não era permitido, no Brasil, se manifestar. Diante da polícia que foi adiante da manifestação dos estudantes, os estudantes entraram num restaurante. E a manifestação era simples, Deputado Zé Inácio, era pedindo para diminuir o preço e melhorar a qualidade do restaurante que se destinava aos estudantes de baixa renda. Restaurante Calabouço. E depois de dissipar do protesto nesse primeiro momento e os estudantes dentro do restaurante, a polícia retorna e quando retorna, retorna atirando, infelizmente, Edson Luiz veio a falecer, o que chamou atenção porque poderia ter sido apenas e tão somente entre aspas aí a esse apenas, mais um episódio de violência e morte da ditadura militar no país, se tornou uma comoção, porque os estudantes impediram a polícia de levar o corpo para o IML. Levaram corpo, da sede do Calabouço para a frente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, ali em frente à Assembleia Legislativa foi realizada autópsia e foi constatado que, de fato, estudante morreu em decorrência dos tiros que foram efetuados pela polícia. Então, dia de 28 de março, hoje da gente lembrar de luta, de lembrar a democracia, dia da gente refutar toda e qualquer tipo de repressão. E, deputado Leandro Bello, o que é mais absurdo, uma semana depois quando se foi fazer a missa de sétimo dia, na saída da missa, missa que tinha centenas de pessoas, porque o Brasil foi tomado de protesto de estudantes em relação à morte do Edson Luiz, as pessoas que saíam da missa também foram atingidas pela Polícia Militar, por duas vezes, na missa que aconteceu pela manhã e depois em outra missa que aconteceria durante a tarde. Então, não era possível naquele momento no Brasil sequer se lembrar ou sequer se fazer qualquer tipo de manifestação, inclusive para lembrar o absurdo que é a gente ter o Estado apenas e tão somente como arbítrio à violência, que veio a matar um estudante. E aí para finalizar, eu quero lembrar aqui de Coração de Estudante, composição de Milton Nascimento e Wagner Tiso, feito anos depois, mas também in memória Edson Luiz que termina dizendo: Alegria e muito sonho espalhados no caminho, Verdes, plantas, sentimento, folhas, coração, juventude e fé. Que não nos falte juventude, fé e muita força e coragem para nunca permitir que esse período de trevas volte e nem. Senhora Presidente, aí eu termino. E muito menos que venha a qualquer tipo de elogio a esse período de absurdo que foi a ditadura militar no Brasil e que nos últimos anos, infelizmente, muita gente, às vezes, até de boa-fé veio passar pano e fazer de conta que não foi bem assim. Foi bem assim, a ditadura militar é feito de atos como esse, de assassinatos como esse e de absurdos como esse, como foi o assassinato de Edson Luiz. Então, 55 anos depois, a gente tem de lembrar o assassinato dele e dizer, Edson Luiz presente, ele lembra muitos assassinatos que foram cometidos pela ditatura militar no Brasil.

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