04/10/2023 - Pequeno Expediente Carlos Lula Carlos Lula

Carlos Lula

Aniversário: 31/03
Profissão: Advogado, professor e escritor

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O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA (sem revisão do orador) - Senhores Deputados, senhoras Deputadas, Senhora Presidente, eu subo novamente a essa tribuna para, mais uma vez, tentar trazer racionalidade ao que a gente debate aqui na Casa. Deputada Mical, eu não preciso falar alto. Eu não preciso gritar. Eu não preciso bater aqui nessa tribuna para tentar destacar algum assunto. Talvez Vossa Excelência não estava mais presente aqui ontem quando eu falei e não tenha nem entendido o contexto a que eu me referi no dia de ontem. Deputada Mical, eu sou cristão, eu sou católico. Tenho muito orgulho da fé que eu professo, e o Jesus Cristo que eu conheço não é um Jesus Cristo do ódio; é um Jesus Cristo que ama, que acolhe as pessoas. Não é um Jesus que grita, não é um Jesus Cristo que aponta o dedo. O Jesus que eu conheço da minha Bíblia, o Jesus que eu aprendi a admirar desde criança é um Jesus que acolhe a cada um e a cada uma, como Maria Madalena, quando queriam muitos apedrejá-la. Ele pediu que jogasse a primeira pedra quem não tivesse pecado. A gente não tem de fazer da tribuna discurso de ódio. E eu não fiz discurso de ódio ontem. O que ontem eu me referia era a necessidade de a gente se ater ao Estado laico. O Estado é laico, os servidores públicos também o são na sua atividade. Obviamente que nossa fé, a nossa ligação com nossa religião a gente é livre para escolher qualquer uma, inclusive para defender aqui nessa tribuna. Eu jamais me referi a impedir que qualquer um pudesse aqui, nessa tribuna, utilizasse dela para fazer a defesa da religião A, B ou C. A gente é livre, exatamente, por isso. O Estado é laico porque ele não pode impor religião a ninguém. Não pode impor fé ou credo a ninguém. E isso nenhum conselheiro tutelar pode fazer. E eu não me referi à Vossa Excelência. Eu me referi a ataque que foram feitos a servidores públicos do estado do Maranhão sob o fundamento de que haveria a “ditadura gayzista” no Iema. Isso ofende. Ofende quem está lá, ofende os professores, ofende a direção do IEMA e ofende o Governador do Estado, que jamais permitiria uma coisa dessa. E Vossa Excelência desvirtua completamente. Eu não sou inimigo de evangélico, muito pelo contrário, sou sempre muito bem recebido todas as vezes que vou a culto, mas não faço disso palco político. Vossa Excelência tem todo o direito de fazê-lo e não estou aqui para repelir, mas a minha política, Deputada Mica, não é baseada no ódio; ela é baseada no amor. Ela não é baseada em ofensa. Ela é baseada no cuidado. Ela não é baseada em apontar dedo. Ela é baseada em acolhimento. Eu não estou aqui para ser bastião de moral ou signo de moral para seu ninguém. Eu não acho que o Estado deve impor sua vontade, seu credo às pessoas, à sexualidade das pessoas, ao modo de vida das pessoas, a gente é livre, livre. Não sou inimigo de nenhuma religião, pelo contrário, eu acho que todos têm direito para crer ou deixar de crer. Crer ou deixar de crer, e a gente não pode subir a essa tribuna para ofender a religião alheia, não pode, e isso eu não vou permitir. Essa tribuna não pode ser local para gente estar vociferando o ódio, preconceito. Não pode. Essa tribuna é plural, é plural, sim. Isso não quer dizer que a gente pode subir a ela para estar mais do que preconceito, vociferando crime. Não pode, nem aqui e nem em nenhuma tribuna. A imunidade parlamentar que nós temos não é para isso. É para defender nosso ponto de vista até o limite do que a lei não permite. Então, quero dizer à V. Ex.ª, fico triste, chateado, completamente, já vou encerrar, senhora presidente, porque tenho apreço por V. Ex.ª como tenho apreço por todos aqui, trato todos com respeito e dignidade, a despeito das maiores diferenças políticas que a gente possa ter. Não tenho problema com ninguém, com absolutamente ninguém. E não só o inimigo de V. Ex.ª, não sou. Muito menos do povo evangélico, muito menos. E pediria para V. Ex.ª inclusive uma reflexão verdadeira e sincera. O espaço da política não é o espaço para gente propagar mais ódio. A sociedade não precisa disso. A sociedade precisa de paz, e se V. Ex.ª permitir eu queria descer e lhe abraçar e pedir; não quis ofendê-la, em nenhum momento, não quis impedi-la de usar essa tribuna, em nenhum momento, pelo contrário, estava aqui defendendo a minha opinião sobre o que eu acho correto. Não me importa, e repito, não me importa a religião de quem foi eleito ontem, na eleição no Conselho Tutelar. Mas quero muito que todos eles, independente do credo, possam fazer o melhor trabalho possível em defesa de nossas crianças e nossos adolescentes. Obrigado.

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