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O SENHOR DEPUTADO JÚLIO MENDONÇA (sem revisão do orador) - Senhor presidente da Mesa, deputado Rodrigo Lago, demais membros, deputado Antônio Pereira, demais companheiros e colegas de trabalho, imprensa, internautas, queridos amigos e amigas, movimentos sociais, sociedade de forma geral. De fato, hoje nós vivemos uma situação inusitada, na Assembleia, com a votação do requerimento apresentado por mim para homenagear os movimentos sociais do campo do MST, da Fetaema e da Contag, pelo seu aniversário, pela sua história. Quero aproveitar para agradecer muito ao senhor presidente Rodrigo Lago pela sua postura democrática, séria e alinhada com o que de fato a gente defende de uma sociedade mais justa, de uma sociedade inclusiva, de uma sociedade que não segregue. Então, eu quero fazer esse registro da sua postura de estadista, da sua postura democrática que além de subscrever também o requerimento, como também o deputado Othelino Neto fez. Quero agradecer todos, as pessoas, os outros deputados, Zé Inácio e demais deputados que votaram a favor do requerimento e também lamentar o equívoco, mas faz parte do jogo democrático também. Agradecer aos deputados que puderam manifestar sua posição perante esse tema tão importante que é o papel dos movimentos sociais na defesa da democracia, na defesa do Brasil mais inclusivo. Quero agradecer a todos e já pedir inclusive desculpa pelo eventual excesso, faz parte do processo, mas acredito que nós fomos hoje grandes vencedores, porque primeiro que é necessário nortear de que lado do rio as pessoas se posicionam. Se é do lado de fato do estigma do passado onde é a Direita aqui nesse país dominou de uma forma, alimentavam os latifúndios, alimentavam o trabalho escravo e do outro lado de um Brasil mais moderno, produtor de alimentos saudáveis. É isso que representa hoje os movimentos sociais. É isso que representa hoje o MST. É isso que representa hoje a Contag, que buscam discutir o país sob uma ótica popular, sob uma ótica que as riquezas não podem ser para poucos, que as riquezas precisam ser para todos, que não é possível que o Maranhão se desenvolva somente para poucos, mas que o Maranhão precisa caminhar no seu destino de fazer com que seu povo, onde mais de 60% ainda depende de bolsa família, de subvenções. Não existe forma de desenvolvimento sustentável sem colocar essas famílias mais pobres para produzir, para gerar emprego. E dada a natureza, a vocação desse estado em ser um estado produtor de alimentos, não é possível tirar, segregar os menores desse processo produtivo e muito menos fazendo com que essas pessoas sejam tratadas como marginais. O MST hoje desempenha um papel importante no país. Ele é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, tem um papel fundamental na produção de alimentos saudáveis, da preservação da natureza, da preservação dos nossos rios, da defesa de um país mais justo. É esse o projeto, que já foi compreendido pelas universidades, pelos centros de pesquisas, que já foi compreendido pela ONU, da necessidade de produzirmos alimentos saudáveis e preservando o ambiente. Esse é o crime que o MST comete, defender essa forma de um país mais justo. Esse é o grande crime que o MST comete, que a FETAEMA comete, que a Contag comete. Mas, senhoras e senhores, queridos amigos e amigas, isso só fortalece a nossa luta. Nós vamos recorrer, estamos avaliando porque é necessário que a gente não se curve perante os equívocos, que a gente não se curve perante as manobras feitas hoje, porque foi aprovado e praticamente foi mudada a regra dos jogos. E eu quero aqui fazer um apelo ao governador Carlos Brandão que analise, reavalie a sua postura política, diante da relação com governo federal, com o governo Lula. Toda semana, nós temos ministro aqui querendo ajudar o estado, e é claro, eu quero dizer, claramente, que não é uma postura do governo e aqui eu quero, do governo Carlos Brandão, porque o líder do governo, apesar de ter cometido um grande equívoco, o deputado Neto Evangelista, que eu tenho o maior respeito pelo deputado Neto Evangelista, mas ele se deixou levar por uma história da direita ultrapassada. Porque a direita moderna, que eu sou da esquerda, mas a direita moderna que defende as suas ideias liberais, eu respeito. Mas eu quero dizer que eu defendo a pluralidade, mas a minha identidade, a minha identidade é inegociável. Eu não negocio minha identidade, eu a defendo e respeito todo mundo que defende as suas identidades. E a minha identidade é inegociável. Vou continuar defendendo a produção de alimentos saudáveis, vou continuar a defender a democratização da terra, vou continuar defendendo o direito que as pessoas possam, nas gerações futuras, terem condições de sobreviver num país, ecologicamente, equilibrado. Então, nós somos grandes vencedores, porque esse debate veio à tona, sem querer fazer discurso fácil, tenho sim, a tristeza de termos reprovado o requerimento, mas tenho alegria de que a luta continua, e peço que essa Casa reavalie, reavalie a sua postura, porque, na verdade, nós temos que governar não para dentro, nós temos que falar não para dentro desse plenário, mas sim para as pessoas que nos colocaram aqui, quem me colocou aqui, a grande maioria foram as quebradeiras de coco, foram os agricultores familiares, foram os professores, foram as pessoas que mais precisam, e eu não posso legislar, eu não posso exercer minha atividade parlamentar, de costa para essas pessoas, por isso encerro nesse momento, sugerindo que essa Casa reavalie, reavalie, de fato, qual caminho, e qual o Maranhão que a gente quer discutir, não carrego nenhum tipo de rancor, nem magoa, Deus, graças a Deus, me livrou de tudo isso, e me deu muita coragem para continuar defendendo. Por isso, senhor Presidente, mais uma vez, muito obrigado, e parabéns pela sua postura, que demonstrou alinhamento com que o senhor defendeu na agricultura familiar, na SAF, no governo passado, o alinhamento que V. Ex.ª defendeu nas suas posturas todas, quando nós estivemos em várias frentes de batalha, só ocorreram as pessoas que tiveram suas casas destruídas, como foi lá em Cantanhede, parabéns, eu agradeço a V. Ex.ª e a todos deputados também, que nos fizeram hoje esse dia, um dia que tem que ficar realmente para história dessa Casa, para que nunca mais se repita, uma tamanha injustiça contra pessoas que trabalham, de pessoas que são, que querem, de fato, que colocam a sua vida em defesa da democracia, em defesa do Maranhão mais justo, e um país mais justo, muito obrigado.