04/04/2024 - Discussão de Requerimento Carlos Lula Carlos Lula

Carlos Lula

Aniversário: 31/03
Profissão: Advogado, professor e escritor

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O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA (sem revisão do orador) - Senhor Presidente, senhores deputados, desde a sessão de ontem, a gente tem um debate completamente equivocado na Casa, eu lamento, sobre o sentido, o alcance e o que significa o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra no país. O Brasil é um país de brutal desigualdade, brutal desigualdade, e o MST, é um movimento que já teve reconhecimento, não só no país não, reconhecimento internacional, de ser o maior movimento social de trabalhadores do campo, da América Latina. O MST é responsável por ganhos, que, muitas vezes, a gente não chega sequer acreditar. Só de escolas, deputada Mical, em assentamento do MST no Brasil, são praticamente trezentos mil estudantes, em assentamento do MST, a gente não tem ninguém que não tenha conseguido ser alfabetizado, todo mundo lá tem direito à educação. Os assentamentos do MST, eles revolucionaram o modelo e a intenção que a gente tem de assentamento de trabalhador rural, e V. Ex.ª fala: ah, mas eles não são trabalhadores, trabalhadoras, deputada Mical, lhe convido até, para um dia, a gente irmos a um, muitos inclusive dos assentamentos evangélicos, muitos, as pessoas deputada Mical que compõem o MST não é ninguém que está num filme que vai entrar, de repente, por aquela porta tocando fogo, aqui no plenário da Casa, a gente não precisa ter essa imagem criminosa, sim, criminosa, essa imagem que foi feita e criada deles. O MST é um movimento de pessoas do povo, pessoas pobres do nosso país que não tinham acesso à terra que, muitas vezes, não tiveram acesso à educação e que vê no MST a primeira oportunidade. Se a gente for no assentamento do MST, a gente vai ver lá que tem produção, sim, produção, 40% do arroz orgânico, eu peço até retificação pelo vídeo de ontem. Mas 40% do arroz orgânico do país é produzido em assentamento do MST, boa parte do feijão, da farinha, que a gente consome, em assentamentos do MST. A gente tem de deixar de criminalizar o movimento social do campo, nessa Casa. O Maranhão é um estado de brutal desigualdade, brutal desigualdade. E um dos motivos grandes da nossa desigualdade é exatamente porque o homem do campo nunca teve acesso à terra ou quando teve acesso à terra não teve acesso aos meios de produção e aos meios de poder fazer essa terra, ter incentivo pra ela, ter acesso de fato agricultura familiar. Durante quantos anos vivemos sem sequer uma Secretaria de Agricultura Familiar? Homenagear o MST, como a gente homenageia a Fetaema ou a Contag, é homenagear exatamente a luta do homem do campo. É até incompreensível dizer: Ah, a Fetaema sim o MST não. Como se a gente pudesse distinguir. Seja o MST, seja a Fetaema, seja Contag, eles representam movimentos do homem do campo, do homem e da mulher do campo. E é muito bonito de se ver. E o MST não vai só, deputada Mical, discutir terra, mas eu posso dizer a alfabetização. Quando a gente esteve no Maranhão para tentar alfabetizar pessoas adultas que não sabiam ler e escrever, sabe para quem o Estado pediu socorro? Para o MST. Nos acampamentos do MST, a gente conseguia alfabetizar em dois meses. Coisas que o Estado não conseguiu durante anos. Em dois meses, a gente conseguia alfabetizar pessoas adultas. E é muito bonito a gente ver o movimento que tem resultados concretos na vida das pessoas. É muito bom ver a emoção de pessoas, trabalhadores rurais, trabalhadoras rurais, que têm acesso à terra pela primeira vez. E é ótimo que essa mobilização tenha acontecido de maneira autônoma porque é um movimento construído por eles, talvez por isso a gente tenha tanto medo. É um movimento construído por homens e mulheres do campo, movimento verdadeiro, e que por isso merece ser homenageado e apoiado por esta terra, por esta Assembleia. E só para finalizar, que fique claro que o governo do governador Carlos Brandão é um governo à esquerda, óbvio que se compõe de uma série de partidos políticos, ao centro, à direita, é natural que assim seja, o governo Lula também o é, mas ninguém vai dizer que não é o governo à esquerda. E por ser o governo à esquerda, teve o apoio do homem e da mulher do campo. Então, nada mais justo do que essa homenagem. Agora, quem se sente incomodado com uma homenagem singela ao homem e à mulher do campo, ao MST, à CONTAG, à FETAEMA, largue de mão o governo. Larga o governo de mão. Não busque espaços, cargos. Não busque, já que não comunga com o ideário do governo. Governo do governador Carlos Brandão, um governo aliado ao presidente Lula, portanto, do campo da esquerda. E é por esse governo pelo qual fiz campanha, no qual votei e que entende que o MST, sim, merece essa homenagem por esta Casa.

A SENHORA DEPUTADA MICAL DAMASCENO - Deputado Carlos Lula, só um aparte aqui.

A SENHORA PRESIDENTE DEPUTADA IRACEMA VALE - Deputada Mical, deputado Júlio pediu a palavra.

A SENHORA DEPUTADA MICAL DAMASCENO (aparte) - Mas aqui vou apartear com ele. Rapidinho, presidente. V. Ex.ª frisou aí dizendo que tem muitos evangélicos que invadem terras, mas realmente o evangélico de verdade, o crente de verdade não invade terra, porque, se ele diz que invade terra se dizendo ser evangélico, vamos orar por ele porque ele não entendeu realmente o Evangelho. Até como funcionário público, nós, que somos evangélicos, não podemos fazer grave, porque tem um versículo da Bíblia que diz: “Conformai-vos com o vosso soldo. Conformai-vos com vosso salário”. Então, assim, se tem algum dizer lá dizendo ser evangélico e invasor de terra, não é crente, porque o verdadeiro crente não faz esse papel.

O SENHOR DEPUTADO CARLOS LULA – Deputada, eu não vou estender a discussão na tribuna da Casa, mas fica depois o convite para a gente poder visitar um assentamento do MST para a gente também fazer uma visita a uma das inúmeras igrejas evangélicas que a gente tem nos mais diversos assentamentos. Eu posso ir com Vossa Excelência. Eu também sou cristão, e a gente pode estar juntos numa celebração, numa igreja evangélica, e conversar com as pessoas.

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