Morte de Tamires será apurada em Comissão de Direitos Humanos

icone-whatsapp
Glaucio Ericeira
Agência Assembleia
17/03/2011 00h00 - Atualizado em 17/03/2011 18h41

Morte de Tamires será apurada em Comissão de Direitos Humanos
Foto original

Com o objetivo de apurar as circunstâncias da morte da jovem Tamires Pereira Vargas, 19, os membros da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Assembleia Legislativa desembarcam, na próxima quinta-feira (24), nos municípios de Porto Franco e Campestre. A decisão de visitar as duas cidades foi tomada nesta quinta-feira (17), durante audiência pública na qual os deputados (integrantes e não integrantes da referida Comissão) ouviram os depoimentos da dona-de-casa Josefa da Silva Vargas, mãe de Tamires, e de uma amiga da jovem, que preferiu não revelar o nome. “Iremos visitar as delegacias das duas cidades, conversar com os delegados, policiais e presos e também ouvir a comunidade. Nosso interesse é esclarecer os verdadeiros motivos da morte desta jovem, que foi assassinada no último dia 08, Dia Internacional da Mulher. Além disso, nós, deputados e deputados, queremos chamar a atenção das autoridades para o número de mortes registradas dentro de unidades prisionais. Somente este ano, já foram onze ”, explicou a presidente da Comissão, deputada Eliziane Gama (PPS). Segundo informações da Polícia Civil, Tamires Pereira Vargas, que residia em Campestre, foi encontrada morta dentro de uma cela da delegacia de Porto Franco. Ainda segundo a Polícia, a jovem teria recorrido ao suicídio, versão contestada pela mãe e pela amiga de Tamires. “A Tamires não sofria de depressão. Era uma jovem normal, feliz e que adorava a vida. Não consigo conceber esta versão dando conta de que a minha filha se suicidou”, afirmou Josefa da Silva. A amiga da jovem contou alguns detalhes que antecederam o fato. Disse que encontrou Tamires na noite de terça-feira de Carnaval na cidade de Campestre. Revelou que, até agora, não consegue entender os motivos que levaram quatro policiais militares a prenderem Tamires e colocarem a mesma dentro da viatura. “Aconteceu uma briga e os policiais jogaram spray de pimenta. Eu e ela, é bom frisar, estávamos longe desta confusão. A Tamires ficou com os olhos irritados e, por isso, fomos a um posto de saúde. Depois retornamos para a festa. Num determinado momento percebi que os quatro policiais estavam ao redor dela. Saí rapidamente do local e quando retornei eles [policiais] já tinham prendido minha amiga. Cheguei a falar com ela dentro da viatura. Ela apenas gritava. Os policiais levaram ela para a delegacia de Campestre, onde não foram atendidos pelo delegado que, segundo os próprios policiais, estava dormindo. Foi aí que eles [policiais] a levaram para a delegacia de Porto Franco. Só no outro dia que soube que ela havia morrido. Não consigo acreditar nesta versão de suicídio. Tamires era uma ótima mãe [ela tinha uma filha de dois anos] e adorava a vida”, contou. Os deputados Marcelo Tavares (PSB), Bira do Pindaré (PT – vice-presidente da Comissão), Eduardo Braide (PMN), Váleria Macedo (PDT), Vianey Bringel (PMDB), Carlinhos Amorim (PDT), Léo Cunha (PSC), Edson Araújo (PSL) e Antônio Pereira (DEM) também foram unânimes ao defender uma apuração mais severa acerca dos fatos que envolveram a morte de Tamires. “As versões dadas pela mãe e amiga da Tamires só reforçam a tese de que esta Casa precisa investigar este caso. Apurar as responsabilidade e trabalhar para que os culpados, caso existam, sejam punidos”, avaliou Bira do Pindaré. Marcelo Tavares voltou a defender a instalação de uma CPI do Sistema Carcerário. “A Comissão Parlamentar de Inquérito terá prerrogativa de investigar não apenas o caso Tamires, mas também todas as outras mortes ocorridas em unidades do sistema prisional. É preciso que esta Casa dê uma resposta a todas estas famílias”, disse.

Banner