Gastão cobrará Câmara Federal sobre massacre no Rio

Deputado federal exigirá posicionamento da Comissão de Educação na Câmara Federal, para que apure razões que levaram ao ataque em escola carioca, que vitimou 12 crianças e feriu outras 11.

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Viviane Menezes
Agência Assembleia
08/04/2011 00h00 - Atualizado em 08/04/2011 18h32

Gastão cobrará Câmara Federal sobre massacre no Rio
Foto original

Durante entrevista ao programa Portal da Assembleia (TVN, canal 38), nesta manhã, 8, o deputado federal Gastão Vieira (PMDB) afirmou que cobrará uma posição firme da Comissão de Educação na Câmara Federal para apurar as razões que estavam por trás do ataque a uma escola no Rio de Janeiro, que matou 12 crianças e feriu outras 11. “Na Câmara, estamos trabalhando muito a questão do bullying (violência física ou psicológica) entre alunos. Estamos repetindo no Brasil fatos que foram registrados em outros países, como Estados Unidos, Canadá, Escócia e China. Parece uma globalização da violência”, alertou. Na avaliação de Gastão Vieira, a violência entre alunos encontra seu campo fértil na falta de disciplina. Ao explicar seu posicionamento, ele apontou duas vertentes que devem compor a educação: primeiro é o exercício de ensinar, fazer o aluno aprender; segundo é o exercício de educar, que implica em formar plenamente um cidadão. Gastão Vieira disse que, no período em que foi secretário de Educação, estava sempre presente nas escolas e observava que as instituições deixaram de lado regras básicas e fundamentais que devem estar presentes em qualquer tipo de organização. “A disciplina passou a ser uma coisa temerária”, lamentou. Ele esclareceu que não se referia a um modelo de disciplina imposta, com o objetivo de punir, mas àquele que estabelece ordens de controle para que uma instituição funcione bem. Para o deputado, se falta de disciplina, qualquer tipo de manifestação se torna incontrolável. Ele considerou ainda que a escola um ambiente que concentra no mesmo espaço os mais variados seguimentos sociais. Segundo Gastão Vieira, a educação deve passar por quatro critérios básicos: Gestão; respeito à escola; compromissos dos diretores e professores; e maior participação da sociedade. “Se a sociedade ficasse indignada com a educação que temos como está indignada com o que aconteceu no Rio de Janeiro, tenho certeza que já teríamos dado um passo adiante. INDICADORES “A educação em todo país é ruim”, avaliou Gastão Vieira. Para ele, é tênue a linha que diferencia um Estado do outro, quando se trata dos índices indicadores de qualidade da educação. “Esse papo furado de que a Educação no Maranhão é ruim não existe. É ruim a educação no Brasil, com exceção pontual”. Gastão Vieira disse que o Estado do Ceará é a exceção com relação ao assunto. Sobre os indicadores educacionais, o Maranhão ocupa hoje o penúltimo lugar, superando apenas para o Estado de Alagoas. GREVE DE PROFESSORES Durante a entrevista, Gastão Vieira fez um alerta sobre o saldo negativo que a greve de professores imporá à educação futuramente. Ele lembrou a proximidade do exame “Prova Brasil”, que acontece no mês de novembro, com o objetivo de analisar o nível do aprendizado entre alunos da 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio. “Se o básico não funciona, que é a presença do aluno e professor dentro da sala de aula, como vamos ter bons indicadores?, questionou. Ele destacou que essa avaliação tem como meta ajudar a corrigir erros, mas termina ganhando teor político. “Quando esses indicadores saírem ninguém vai lembrar de uma greve que foi declarada ilegal [pelo Superior Tribunal Federal] e persistiu”, declarou. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO Com relação ao Plano Nacional de Educação, que vai nortear o sistema educacional no país pelos próximos 10 anos (desde a creche até o ensino superior), Gastão Vieira anunciou que, indicado pelo PMDB, deve ser eleito presidente da comissão nacional que vai discutir o plano. A relatoria deve ficar com o PT. Os trabalhos devem começar na próxima semana. Gastão Vieira destacou que o plano, encaminhado pelo Governo Federal, foi elaborado com a intensa participação dos movimentos sociais. Para ele, esse fato acabou por trazer um problema, pois a maioria da Casa, que não pertence aos movimentos sociais, acabou por ser ouvida. Segundo o parlamentar, os debates serão mais intensos com relação ao ponto que destina 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a Educação. NOVOS MUNICÍPIOS Sobre a criação de novos municípios, Gastão Vieira foi contundente ao afirmar que a prerrogativa cabe às assembléias estaduais. Ele destacou que a Câmara só precisa aprovar um projeto de lei complementar estabelecendo algumas prerrogativas. E defendeu que, para criar novos municípios, é imprescindível fazer um estudo de viabilidade econômica, ser coerente e não deixar prevalecer o interesse político. REFORMA POLÍTICA “Não vejo ânimo ou motivação para que a Câmara dos Deputados e o Senado votem a reforma política rapidamente”, declarou Gastão Vieira ao falar sobre a matéria que está em tramitação no Congresso Nacional. Para ele, a proposta não ganha mais agilidade porque reflete o interesse apenas da classe política, não tem o apelo da sociedade. “A reforma tem que vir, mas não povoa ainda a necessidade do povo brasileiro”. Com relação a um dos pontos mais polêmicos da reforma, o voto facultativo, Gastão Vieira manifestou-se contrariamente, analisando que o mesmo acabaria por concentrar a representação política aos partidos com militância. “O voto facultativo é politicamente correto, mas vai favorecer os partidos de esquerda. Assim a representatividade só vai ter um lado”, declarou.

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