WO e Vale mantém divergências durante audiência na AL

Construtora diz ter ido à falência depois que teve um contrato interrompido. Mineradora afirma que causa do rompimento foi atraso no cronograma de obras. Comissão vai preparar relatório para tomada de providências.

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Glaucio Ericeira
Agência Assembleia
19/04/2011 00h00 - Atualizado em 20/04/2011 10h05

WO e Vale mantém divergências durante audiência na AL
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Atendendo pedido do deputado Neto Evangelista (PSDB), a Comissão de Assuntos Econômicos promoveu, nesta terça-feira (19), audiência pública que objetivou apurar denúncias revelando que construtoras maranhenses estariam falindo em função da inadimplência da mineradora Vale. A discussão girou em torno da problemática existente entre a mineradora e a WO Engenharia Ltda. Apresentando uma série de documentos, representantes da WO afirmaram que a empresa faliu em função da Vale ter cancelado, de forma arbitrária e sem nenhuma justificativa, um contrato, no valor de cerca de R$ 75 milhões, referente a urbanização (terraplanagem, drenagem e pavimentação) de um trecho de aproximadamente 900 km da Estrada de Ferro Carajás. O cancelamento do contrato, segundo Osmar Fonseca e Rogério Belfort, proprietário e diretor da WO, respectivamente, resultou, ainda, na demissão recente de cerca de 2.500 funcionários da empresa. “Prestamos, durante 22 anos, serviços à Vale e sempre obtivemos resultados acima da casa dos 90%. Sem nenhuma explicação plausível, a mineradora, ano passado, começou a não cumprir com os contratos. Pior: rompeu os mesmos, prejudicando mais de dois mil funcionários, que foram demitidos, e levando a empresa para o fundo do poço”, afirmou Fonseca. Belfort atribuiu o rompimento do contrato à má gestão de projetos por parte de diretores da própria Vale. “A WO foi perseguida pelos fiscais da Vale. Cumprimos rigorosamente o cronograma das obras, mas foram repassadas informações falsas à diretoria”. José Carlos Sousa, gerente-geral de Operações da Vale, informou que o contrato com a WO foi rescindido devido ao fato da empresa não ter cumprido o cronograma da obra. Ele garantiu, ainda, que a mineradora não está inadimplente com nenhuma empresa do Maranhão. “Diversas empresas maranhenses trabalham conosco e nunca houve nenhum tipo de problema. Infelizmente, no caso da WO, em função do atraso das obras, tivemos que adotar as providências cabíveis”, disse. O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), Zeca Belo, defendeu a classe empresarial. Disse ter conhecimento de que pelos menos 15 empresas maranhenses “quebraram” depois que a Vale rompeu contratos com as mesmas. Avaliação semelhante fez o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Maranhão (Sinduscpon/MA), João Mota Filho. “Não se pode negar que a Vale, como a segunda maior mineradora do mundo, vem contribuindo com o desenvolvimento do Maranhão. No entanto, isso não lhe dá o direito de causar uma série de demissões em massa ocasionadas pela falência de empresas”. Belo, Mota Filho e Paulo Guilherme Galvão – este último representante do Ministério de Minas e Energia – elogiaram a iniciativa da Assembleia em promover o evento. “O deputado Neto e os demais parlamentares desta Casa, ao promoverem esta audiência, cumpriram com o papel de atender uma reivindicação de milhares de maranhenses. Todas as informações referentes à audiência serão repassadas ao ministro Edson Lobão para que ele, juntamente com técnicos do ministério, faça uma avaliação mais aprofundada sobre o caso Vale”, informou Galvão. Neto Evangelista avaliou que a audiência pública atingiu o seu objetivo principal, que foi de colocar em um mesmo espaço todas as partes envolvidas na polêmica. Ele disse também que a Comissão vai fazer um relatório para a tomada de providências. “Mais uma vez, esta Casa cumpriu com o seu papel de intermediar o debate”. Também participaram da audiência pública os deputados Jota Pinto (PR), Edson Araújo (PSL – presidente da Comissão de Assuntos Econômicos), Zé Carlos (PT), Carlinhos Amorim (PDT), Léo Cunha (PSC), André Fufuca (PSDB), Dr. Pádua (PP), Eliziane Gama (PPS) e Francisca Primo (PT); além do secretário estadual Ricardo Guterres (Minas e Energia).

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