Construtora diz ter ido à falência depois que teve um contrato interrompido. Mineradora afirma que causa do rompimento foi atraso no cronograma de obras. Comissão vai preparar relatório para tomada de providências.
Atendendo pedido do deputado Neto Evangelista (PSDB), a Comissão de Assuntos Econômicos promoveu, nesta terça-feira (19), audiência pública que objetivou apurar denúncias revelando que construtoras maranhenses estariam falindo em função da inadimplência da mineradora Vale. A discussão girou em torno da problemática existente entre a mineradora e a WO Engenharia Ltda.
Apresentando uma série de documentos, representantes da WO afirmaram que a empresa faliu em função da Vale ter cancelado, de forma arbitrária e sem nenhuma justificativa, um contrato, no valor de cerca de R$ 75 milhões, referente a urbanização (terraplanagem, drenagem e pavimentação) de um trecho de aproximadamente 900 km da Estrada de Ferro Carajás.
O cancelamento do contrato, segundo Osmar Fonseca e Rogério Belfort, proprietário e diretor da WO, respectivamente, resultou, ainda, na demissão recente de cerca de 2.500 funcionários da empresa. “Prestamos, durante 22 anos, serviços à Vale e sempre obtivemos resultados acima da casa dos 90%. Sem nenhuma explicação plausível, a mineradora, ano passado, começou a não cumprir com os contratos. Pior: rompeu os mesmos, prejudicando mais de dois mil funcionários, que foram demitidos, e levando a empresa para o fundo do poço”, afirmou Fonseca.
Belfort atribuiu o rompimento do contrato à má gestão de projetos por parte de diretores da própria Vale. “A WO foi perseguida pelos fiscais da Vale. Cumprimos rigorosamente o cronograma das obras, mas foram repassadas informações falsas à diretoria”.
José Carlos Sousa, gerente-geral de Operações da Vale, informou que o contrato com a WO foi rescindido devido ao fato da empresa não ter cumprido o cronograma da obra.
Ele garantiu, ainda, que a mineradora não está inadimplente com nenhuma empresa do Maranhão. “Diversas empresas maranhenses trabalham conosco e nunca houve nenhum tipo de problema. Infelizmente, no caso da WO, em função do atraso das obras, tivemos que adotar as providências cabíveis”, disse.
O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), Zeca Belo, defendeu a classe empresarial. Disse ter conhecimento de que pelos menos 15 empresas maranhenses “quebraram” depois que a Vale rompeu contratos com as mesmas.
Avaliação semelhante fez o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Maranhão (Sinduscpon/MA), João Mota Filho. “Não se pode negar que a Vale, como a segunda maior mineradora do mundo, vem contribuindo com o desenvolvimento do Maranhão. No entanto, isso não lhe dá o direito de causar uma série de demissões em massa ocasionadas pela falência de empresas”.
Belo, Mota Filho e Paulo Guilherme Galvão – este último representante do Ministério de Minas e Energia – elogiaram a iniciativa da Assembleia em promover o evento. “O deputado Neto e os demais parlamentares desta Casa, ao promoverem esta audiência, cumpriram com o papel de atender uma reivindicação de milhares de maranhenses. Todas as informações referentes à audiência serão repassadas ao ministro Edson Lobão para que ele, juntamente com técnicos do ministério, faça uma avaliação mais aprofundada sobre o caso Vale”, informou Galvão.
Neto Evangelista avaliou que a audiência pública atingiu o seu objetivo principal, que foi de colocar em um mesmo espaço todas as partes envolvidas na polêmica. Ele disse também que a Comissão vai fazer um relatório para a tomada de providências. “Mais uma vez, esta Casa cumpriu com o seu papel de intermediar o debate”.
Também participaram da audiência pública os deputados Jota Pinto (PR), Edson Araújo (PSL – presidente da Comissão de Assuntos Econômicos), Zé Carlos (PT), Carlinhos Amorim (PDT), Léo Cunha (PSC), André Fufuca (PSDB), Dr. Pádua (PP), Eliziane Gama (PPS) e Francisca Primo (PT); além do secretário estadual Ricardo Guterres (Minas e Energia).