A Assembleia Legislativa do Maranhão, por iniciativa da União Nacional por Moradia Popular e requerimento do deputado estadual Bira do Pindaré (PT), realizou, na tarde desta quinta-feira (27), o 1º Ciclo de Debates “São Luís, outros 400”. Carlito Reis da União por Moradia Popular compôs a mesa do evento e, ao lado de Bira, mediou os trabalhos.
Com o objetivo de debater assuntos relacionados ao Desenvolvimento Urbano, qualidade de vida e mobilidade em São Luís, o evento contou com a participação dos expositores Diogo Pires Ferreira (arquiteto, mestrando em Urbanismo UPC Barcelona); Guilherme Zagalo (advogado, ambientalista do Movimento Reage São Luís) e Rosirene Martins (professora e pesquisadora da Universidade Estadual do Maranhão).
De acordo com o deputado Bira do Pindaré, o debate é importante, pois traça um diagnóstico da cidade de São Luís e elabora propostas de superação para os graves problemas que afligem a população. Para Carlito Reis, o direito à moradia é muito maior do que ter uma casa é indispensável se ter uma cidade.
“Não há discussão ampla, um debate sobre os 400 anos de São Luís, este deve ser o primeiro. A cidade cresceu sem planejamento, totalmente desordenada, temos problemas absurdos (comunidades ameaçadas de despejo, pela construção da Via Expressa, construção de empreendimentos e Shopping Centers”, destacou Carlito.
O mestre em Urbanismo pela UPC - Barcelona, Diogo Pires, trabalhou como tema de sua dissertação “O resgate de velhos conceitos para o futuro da cidade”. Ele considera a raiz dos problemas estruturais e de mobilidade urbana de São Luís a dispersão dos bairros, destacou a importância de um plano e lembrou que outras cidades já passaram por problemas parecidos.
“A prioridade na cidade tem que ser a ocupação de espaço. Temos hoje 185 linhas de ônibus, várias passando pelas mesmas avenidas, proponho a diminuição para 39 linhas principais e linhas auxiliares com vans ligando aos bairros. Desta forma vamos utilizar apenas 60% dos ônibus disponíveis, também é importante atrair e criar condições para que a população utilize o transporte público”, considerou Diogo.
O advogado Guilherme Zagalo apresentou dados sobre a poluição em São Luís, ele alertou para o fato de que São Luís está quase alcançando o nível de poluição de Cubatão, em São Paulo. As áreas mais afetadas pelo nível de toxidade no ar são os bairros da zona rural e da área Itaqui-bacanga.
“Os principais emissores de poluentes no ar, na nossa cidade, são a Vale, a Alumar e a instalação da MPX e da refinaria Premium em Bacabeira. Os principais problemas da cidade são uma lei de zoneamento desatualizada, não temos políticas públicas para o transporte público, uma fiscalização ambiental não existe, nossos rios estão contaminados e a coleta de lixo deficiente”, elencou Zagalo.
A professora doutora Rosirene Martins demonstrou sua indignação com algumas obras “estruturais” em andamento na cidade. Ela questionou quais são os benefícios para população com a construção da “Via expressa” e do Espigão Costeiro.
ESPIGÃO COSTEIRO
“O Espigão custou R$ 12 milhões e só beneficia os moradores da área da Ponta d’areia, pessoas com alto poder aquisitivo. A Via Expressa liga o Shopping Tropical ao Shopping da Ilha, eu pergunto quem são os beneficiados por essas obras? Quem foi convidado para debater? Na Divineia não tem água, a população tem o direito de participar dos debates sobre as obras na cidade”, questionou Rosirene.
A deputada Eliziane Gama (PPS) participou do debate, enalteceu a importância estratégica de São Luís para o Maranhão. Ela lembrou que apesar de atender quase todo Estado a capital possui 500 mil pessoas vivendo com até R$ 140. O professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Bruno Rogens, destacou a importância do debate e na reflexão de quais fatores levaram a cidade ao caos.
“O problema de São Luís é amplo, político e gravíssimo. A cidade enfrenta dificuldades hoje, pois sofreu com sucessivas administrações desastrosas, padecemos de políticas públicas efetivas e necessitamos de renovação da classe política”, afirmou Bruno.
O deputado Bira encerrou os debates e reafirmou a importância de se ouvir a população de São Luís para os temas mais importantes. “Temos que debater essa realidade e discutir junto com a população nas comunidades, vamos dar sequência a este debate e assim construir uma cidade melhor para se viver”, concluiu.
