O deputado Othelino Neto (PPS) defendeu, na sessão desta quinta-feira (3), que o governo do Estado dê mais atenção à causa ambiental. Ele revelou que acompanhou os últimos orçamentos dispensados à Secretaria de Meio Ambiente, que demonstraram que o orçamento foi reduzido nos últimos anos nesta área.
O parlamentar destacou, porém, que os autores do livro lançado recentemente, chamado "Amazônia Maranhense, Diversidade e Conservação", que tem por editores os professores Tadeu Gomes de Oliveira e Marlúcia Bonifácio Martins, mostra que se “mantidas as taxas de desmatamento do período entre 1984 e 2000, em 2050 já deverá ter desaparecido mais de 80% da cobertura vegetal remanescente atual”.
O deputado do PPS contou que a publicação é oficial, do museu paraense Emílio Goeldi, instituição integrada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e teceu críticas a evento realizado pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado, em preparação para a Rio + 20. Othelino Neto destacou ainda trechos do trabalho para mostrar a importância do levantamento que os autores fizeram.
Segundo o livro, se mantido o atual ritmo do desmatamento no Estado, “indicaria que uma parcela importante da biodiversidade até então já não existiria mais. A área da reserva biológica do Gurupi representa apenas 15% da área de floresta Amazônica restante no Maranhão, enquanto as reservas indígenas corresponderiam a 36,5%”.
Para finalizar, de acordo com o parlamentar, o livro diz: “a região do Gurupi é a única que ainda apresenta as últimas áreas de floresta não degradadas na ecorregião da Amazônia Tocantina e do Centro de Endemismo, Belém”. Othelino Neto fez um apelo aos colegas de plenário para que façam “uma avaliação do quanto a questão ambiental está sendo tratada com pouca atenção e o quanto os números são cada vez mais alarmantes.”
RIO + 20
Durante o pronunciamento, Othelino também fez uma avaliação crítica sobre a participação do Maranhão no Rio + 20, através do seminário "Diálogos Sustentáveis", organizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), em parceria com o Ministério do Meio Ambliente, com o objetivo de mobilizar a sociedade para a conferência.
“A iniciativa, a princípio, parece louvável, mas infelizmente ela recebe a crítica contundente do Comitê facilitador da cúpula dos povos do Rio+20 por justiça social e ambiental, pois busca esconder retrocessos no Governo Federal, que vem proporcionando uma gestão ambiental em nosso País”, explicou.
Já no Maranhão, de acordo com o parlamentar, “a verdade é que se busca também esconder o sol com a peneira, de uma simulação de participação da sociedade civil”, e cita, de forma resumida, o que diz o comitê facilitador da Cúpula Dos Povos para o Rio+20, a propósito do Diálogo para o Desenvolvimento Sustentável, que foi estabelecida de cima para baixo, tendo o governo brasileiro escolhido os temas, os participantes e os facilitadores, indicando de forma inequívoca que os diálogos e os resultados serão controlados pelo governo.
“É só para que nós não tenhamos uma ilusão: o momento hoje é um momento de ampla participação, de trazer as organizações não governamentais, a Sociedade Civil Organizada para discutir a temática ambiental e enriquecer a participação do Maranhão no Rio+20, mas da forma que está sendo feita é um produto que já vem pronto, onde os governos federais e estaduais escolhem inclusive quem vai participar e os temas a serem discutidos”, criticou.
