Vários deputados destacaram, na sessão desta quarta-feira (23), o trabalho do ex-desembargador Raimundo Cutrim, que entrou para a aposentadoria compulsória, como determina a legislação, na sexta-feira (18), ao completar 70 anos de idade. O primeiro que tratou do assunto foi o deputado André Fufuca (PSD), que foi aparteado por diversos colegas de plenário, sempre destacando a figura e atuação do desembargador.
A seguir foi a vez do líder do Bloco Parlamentar de Oposição (BPO), deputado Marcelo Tavares (PSB), enaltecer a figura de Raimundo Cutrim. Ele lembrou o episódio da cassação do então governador Jackson Lago (PDT), quando Tavares estava na presidência da AL e o ex-desembargador na presidência do Tribunal de Justiça. Ambos foram recepcionados por Lago, que ocupava o Palácio dos Leões em protesto contra a cassação, mas após negociações conduzidas por Cutrim o então governador deixou o palácio “de forma digna”.
“Entendo eu que essa homenagem é de fato justa e, mais do que isso, eu tive a oportunidade, como presidente da Assembleia, de presenciar a atuação do desembargador Raimundo Cutrim, quando presidente do Tribunal de Justiça, num dos momentos mais difíceis da vida política recente do Maranhão, que foi a cassação do governador Jackson Lago e a posse da governadora Roseana Sarney. Naquele período, todos nós lembramos: o governador Jackson Lago decidiu permanecer no Palácio dos Leões, motivado pela revolta, pelo sentimento de injustiça que foi atingido, nós respeitamos a decisão do governador. A partir daí, tanto eu e principalmente o desembargador Raimundo Cutrim, passamos a fazer um trabalho de negociação política para fazer com que aquela situação desaparecesse”, lembrou.
ATIVIDADE LONGA
Coube ao deputado André Fufuca a missão de realizar um pronunciamento mais longo e falar de toda trajetória de vida e profissional de Raimundo Cutrim, nascido em Olinda Nova, na Baixada, que se formou advogado pela Universidade Federal do Maranhão (Ufma) e entrou para a magistratura como juiz de Santa Luzia até chegar a desembargador, presidir o TJ por duas vezes, e uma vez o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em quase 30 anos de carreira no Judiciário.
“Sinto-me à vontade de poder escolher um para falar, não irei enumerar ou citar nomes para não cometer o equívoco e para não cometer lapso, mas acredito que o que irei falar, pela sua grandeza, falará por todos os demais. Falo em nome do nosso amigo, advogado e magistrado Raimundo Cutrim, que neste instante do verão nordestino, do escaldante e quente verão nordestino, deixa o Tribunal de Justiça do Estado, usurpando de Deus o delegável direito de poder julgar o homem. Raimundo Cutrim sempre se guiou pela quietude e pela determinação. É aquela velha expressão epístola: o combatente do bom combate”, afirmou o parlamentar do PSD.
DE FAMÍLIA HUMILDE
No longo pronunciamento, André Fufuca foi aparteado por vários colegas e o primeiro deles foi Othelino Neto (PPS), que lembrou que Raimundo Cutrim, além de ter ocupado todos os cargos que ocupou na magistratura, foi primeiro radialista. Depois foi a vez de Neto Evangelista (PSDB), que classificou Cutrim de “homem de família humilde que com muita luta conseguiu chegar aonde chegou e que deixa uma lacuna grande no Tribunal de Justiça, uma vez que é um homem sério, um homem de uma vida idônea, um homem que fez história na vida do Judiciário do Maranhão”.
Em seguida, foi a vez do deputado Magno Bacelar (PV), que enalteceu a iniciativa do colega André Fufuca, de prestar a homenagem ao ex-desembargador, por ser “uma pessoa que merece” e servir de exemplo para futuras gerações. Fufuca agradeceu aos apartes e disse que “medir a ação desse magistrado é dificílima, é uma tarefa hercúlea medir as ações feitas pelo desembargador Raimundo Cutrim; a constelação de fatos e atos feitos por ele permanecerá brilhando incessantemente pelos ecos da eternidade, e a história o escolheu também para ser o pioneiro de muitas ações e ideias inovadoras e desbravadoras”.
POR MERECIMENTO
Fufuca disse ainda que “o TJ perde uma de suas mentes mais brilhantes, um dos cérebros mais inteligentes que aquela Corte pôde ver; e que, com sabedoria bíblica e salomônica, soube conduzir o TJ do Estado”. O deputado do PSD lembrou que Cutrim “foi eleito com 20 dos 24 votos do colegiado dos desembargadores, eleito por merecimento e que fique registrado, nessa Casa, que em toda a sua carreira no Judiciário ascendeu por merecimento: juiz a desembargador, desembargador a corregedor, corregedor a juiz, enfim, todos os cargos por merecimento”.
