Evangelista adverte sobre conflito de terras em Zé Doca e São João do Caru

icone-whatsapp
Agência Assembleia
19/12/2012 17h29

 

O deputado Neto Evangelista revelou da tribuna da Assembléia o temor de que haja derramamento de sangue nos municípios de Zé Doca e São João do Caru, em virtude da decisão judicial que transferiu para os indígenas terras de diversos povoados da região. Evangelista informou que moradores dos dois municípios se encontravam nas galerias. Segundo ele, a decisão do juiz federal Madeira foi confirmada pelo Tribunal Federal de Recursos e não existem mais mecanismos jurídicos a que os moradores possam recorrer.

 

O deputado informou que a Polícia Federal e a Funai já se encontram nos povoados revistando cada pai de família que se dirige para a roça e tomando material de trabalho. “Os senhores sabem tanto quanto eu o perigo enorme que é a tomada de terras de produtores rurais, de gente que vive da terra”, avisou.

 

Para Evangelista, o que foi decretado pela Justiça Federal terá que ser cumprido, mas ele contestou decisões que são tomadas sem conhecimento da realidade, apenas baseadas em papeis, pois naquela região não existe índio nenhum. A decisão em tela foi tomada em favor da tribo dos Awá-Guajá que, conforme o deputado, são nômades e, portanto, precisam de vastos territórios, pois mudam constantemente de habitat. “Quem está sendo penalizado são os trabalhadores rurais, os pais de família, a gente decente desses municípios”, lamentou.

 

Neto Evangelista está intermediando um encontro que reúna a Funai, a Polícia Federal e a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil para que haja um entendimento sobre como deve ser procedido o cumprimento dessa decisão judicial. Visivelmente temeroso, o deputado disse: “Espero profundamente que não haja nenhum derramamento de sangue nessas localidades, que não haja resistência dos moradores destes municípios”. E apelou: “Não resistam! Eu sei que não é fácil, eu entendo e conheço esses municípios, sei que há muitos anos vocês moram lá,que ali constituíram família, mas não resistam”. O deputado se dirigia especialmente aos moradores dos povoados Vitória da Conquista e Caju afirmando que a “a parte mais fraca é a parte que sempre perde”.

 

Neto Evangelista afirmou, ainda, que acompanhou em diversas localidades atos de desocupação feitos pela polícia e sempre que há resistência da população o derramamento de sangue é muito grande. O parlamentar quer urgência na reunião com a Funai, Polícia Federal e OAB, inclusive para que se dê um prazo para desmobilização da população, que se pense para onde serão transferidas essas comunidades e também sobre as indenizações de tudo o que elas construíram ao longo de suas vidas.


Banner