Wagner Cabral disserta historicamente sobre a Reforma Política no Brasil

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Agência Assembleia
16/08/2013 14h32

Wagner Cabral disserta historicamente sobre a Reforma Política no Brasil
Foto original

 

Afirmando que os políticos jamais farão uma Reforma Política que inviabilize os mecanismos que os levaram aos cargos, o cientista político e professor de História da Universidade Federal do Maranhão, Wagner Cabral, mostrou, em palestra no “Painel Sobre Reforma Política” realizado na Assembleia Legislativa, sob coordenação da Comissão de Reforma Política presidida pelo deputado Marcos Caldas, que a pretendida reforma só ocorre de forma paliativa, pontual ou por pressão da opinião pública.

 

Wagner Cabral colocou a questão historicamente, assinalando que a grande iniciativa popular pela Reforma Política aconteceu na década de 90 com a manifestação contra a compra de votos e consequente edição da lei 8840. Seguindo essa estratégia gradual, o segundo grande acontecimento histórico incluído pelo cientista foi a Lei da Ficha Limpa.

 

A dificuldade para concretização da reforma, conforme Wagner Cabral está no fato de que alteraria completamente o modo de reprodução social e política das elites nacionais. Ele entende que desde o Império há um grande descompasso entre a representação popular e a realidade do país, em virtude da escravidão e de critérios de renda para participar do sistema político. Situação que, conforme o professor, continuou com a República, sistema que pretendeu se assentar em ideias liberais num Estado escravocrata.

 

Para Wagner Cabral, a crise de democracia, sustentada no Brasil por um sentimento de repulsa ao sistema representativo, é, no entanto, mundial e se aprofundou nos últimos 20 anos com a revolução digital. A República brasileira, na visão do cientista, criou oligarquias sustentadas em partidos políticos estaduais que administravam os recursos públicos. Lembrou que na década de 40 o Tribunal Regional Eleitoral era conhecido como Universidade da Fraude porque diplomava exatamente os candidatos que atendiam aos interesses da oligarquia. Assis Chateaubriand – exemplificou – foi eleito senador pelo Maranhão em 3 dias.

 

Diz Wagner Cabral que é impossível falar em financiamento público de campanha sem falar em corrupção. Crítico do financiamento privado, citou o exemplo do Banco Itaú que, conforme suas  palavras, financia campanhas em todos os partidos porque lhe interessa a manutenção do sistema econômico vigente no Brasil. Outro exemplo dado pelo cientista foi a Bancada Ruralista no Congresso Nacional. Nesse aspecto citou o exemplo da Suzano Papel e Celulose que em alguns municípios financia candidatos a prefeitos dos dois lados ao mesmo tempo.

 

O professor da Ufma afirmou que, dentro desse esquema, a agiotagem política é brutal e já patrocinou inúmeros assassinatos e não apenas o do jornalista Décio Sá. Como também o do prefeito Bertim, de Presidente Vargas, exemplificou. Segundo Cabral, o interesse da agiotagem é o controle das secretarias de finanças desses municípios. E, na sua visão, a corrupção também sustenta o mercado imobiliário maranhense com prefeitos e secretários investindo fortunas em casas, prédios e apartamentos em todo o Maranhão.


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