Assembleia realiza sessão solene em homenagem às vítimas da Ditadura Militar

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Assecom / Bira do Pindaré
03/04/2014 17h16

Assembleia realiza sessão solene em homenagem às vítimas da Ditadura Militar
Foto original

 

Ao som da oração latina do compositor César Teixeira, e dos aplausos de militantes de movimentos sociais e da esquerda maranhense, Manoel da Conceição e Maria Aragão (in memoriam) foram homenageados hoje (3) como símbolos de resistência e luta contra as atrocidades cometidas durante o período de Ditadura civil-militar no Brasil e no Maranhão.

 

A Assembleia Legislativa homenageou os homens e as mulheres maranhenses que foram censurados, torturados, exilados e mortos durante a Ditadura Militar, nas figuras do líder camponês Manoel da Conceição e da médica comunista Maria José Aragão. O deputado estadual Bira do Pindaré (PSB) foi o autor do requerimento que solicitou a realização, na manhã desta quinta-feira (03), da sessão solene em homenagem às vítimas da Ditadura Militar e em memória dos 50 anos do golpe de 1964.

 

Ao lado do deputado Bira, presidente da sessão, compuseram a mesa do evento: Vagner Baldez, representando o Instituto Maria Aragão; a ex-deputada estadual Helena Barros Heluy; Eurico Fernandes, da Associação de Saúde da Periferia; e Manoel da Conceição – maior líder camponês da história do Maranhão.

 

Ao abrir os trabalhos da sessão, o deputado Bira apresentou um breve relato histórico da conjuntura política que levou os militares brasileiros, o Governo dos Estados Unidos da América, grande parte da classe empresarial brasileira, algumas Igrejas e proprietários de conglomerados de comunicação a apoiar, acobertar e financiar o golpe e a Ditadura.

 

O parlamentar lembrou que resquícios do período sangrento ainda estão vivos na sociedade brasileira. Bira citou a Lei da Anistia que nunca foi revogada e mantêm impunes torturadores e assassinos que serviam à Ditadura Militar. O socialista também lembrou a militarização da Polícia e o maior malefício que o golpe militar deixou para o Brasil, segundo ele, a Oligarquia Sarney.

 

“A maior e mais longeva oligarquia do Brasil é a do Maranhão e ela é filha da Ditadura Militar. Causa-me espanto as ideias reacionárias que voltam na sociedade, a marcha da família com Deus foi um prenúncio do Golpe em 64 e se repetiu há poucos dias. A Ditadura Militar não resolveu e não resolverá os problemas do Brasil”, destacou Bira.

 

Bira ressaltou o trabalho de resgate da memória que vem sendo realizado na Casa Legislativa pela atuação da Comissão Parlamentar da Verdade. A Comissão maranhense ouviu diversas vítimas da Ditadura e descobriu que a antiga sede da Polícia Federal, no centro de São Luís, servia como local de torturas.

 

O deputado garantiu que solicitará à Secretaria Nacional de Direitos Humanos a transformação da antiga sede em um local de memória e visitação. Todas as informações levantadas pela Comissão do Maranhão foram entregues, em relatório, para a Comissão Nacional da Verdade em Brasília.

 

Em um segundo momento do evento, todos os presentes assistiram documentários do cineasta Murilo Santos sobre a vida de Manoel da Conceição e Maria Aragão. O deputado Bira entregou placas de homenagem a Manoel da Conceição e a Vagner Baldez – representante do Instituto Maria Aragão.

 

Vagner Baldez agradeceu a homenagem e falou do legado de luta social de Maria Aragão, no Maranhão. Ele também lembrou a figura do pernambucano Gregório Bezerra e do baiano Carlos Marighella na luta e na resistência contra a Ditadura Militar, no Brasil. Baldez cumprimentou o deputado Bira por nunca ter servido e se curvado às elites e a oligarquia do Maranhão.

 

O representante do Instituto Maria Aragão afirmou que se a médica comunista estivesse viva, ela estaria triste, pois a frase que está colocada em uma das paredes do plenário da Assembleia, de autoria de José Sarney - “não há democracia sem parlamento livre” - é uma vergonha. No entendimento de Baldez, Sarney é um oligarca, filho da Ditadura Militar e não é digno de tal frase.

 

Para Manoel da Conceição, a solenidade tem sua importância para a permanente luta dos trabalhadores pelos direitos e contra a perseguição dos poderosos. “Queremos a liberdade fraterna e solidária para todos. Não podemos parar de lutar pelos direitos dos trabalhadores e espaços assim são importantes para animar nossa jornada”, destacou.

 

Eurico Fernandes e a ex-deputada Helena Barros Heluy lembraram outras pessoas vítimas da Ditadura Militar e ressaltaram que a luta contra a fome, a miséria, o analfabetismo e pela reforma agrária continua. Helena lamentou a ausência de outros parlamentares na sessão solene, destacou as consequências do golpe, segundo ela, ainda vivas na sociedade brasileira, e afirmou que viu e nunca mais quer ver coisa parecida com a Ditadura no Brasil.

 

A ex-deputada também apelou para que a Assembleia Legislativa exija da Câmara Municipal de São Luís a devolução do mandato do então vereador José Maria Machado Santos, cassado pela Ditadura Militar. O deputado Bira garantiu que fará uma indicação à Casa Legislativa municipal solicitando à devolução.


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