A morte de duas crianças em menos de 24 horas, atingidas com arma de fogo em São Luís, ganhou repercussão na tribuna da Assembleia Legislativa do Maranhão. Na manhã desta quarta-feira, dia 10 de setembro, a deputada Eliziane Gama (PPS) lamentou que dois meninos, um de três anos e outro de um ano e quatro meses, tenham sido mortos na porta de casa nos bairros do Coroadinho e da Liberdade.
“Ontem, um jovem de 23 anos e o seu filhinho foram assassinados. Um dia antes, tivemos outro crime no bairro do Coroadinho, um menino de três também foi assassinado. Em menos de 24 horas aqui em São Luís, duas crianças foram assassinadas, exatamente por crimes de execução, e segundo a polícia os casos são ligados ao consumo de drogas”, relatou.
Eliziane Gama mostrou preocupação com o número crescente da violência na capital e lamentou a ausência de ações mais enérgicas no combate ao tráfico de drogas em São Luís. “O aumento do consumo de drogas não é de 100%, não é de 200%, o aumento que chega a 400% ou até 500%. Porque as políticas públicas que deveriam fazer o combate a esse tipo de problema, infelizmente, não existem”, criticou.
Na tribuna, a parlamentar relatou os problemas decorrentes do crescimento do tráfico de drogas no estado e lembrou que já houve tentativa de criação da CPI da Pistolagem para investigar crimes de execução. “Crimes de execução ainda muito frequentes no Maranhão e ilha de São Luís. Os dados que são apresentados por todos os órgãos de Combate à Violência no Maranhão mostram um crescimento sucessivo do consumo de drogas e do tráfico no nosso estado”, completou.
A deputada destacou sua preocupação com o problema e disse que o número de detentos com envolvimento no tráfico é um retrato da dimensão do problema. “60% a 70% das pessoas que estão na Penitenciária de Pedrinhas têm uma relação direta ou indireta com o consumo de drogas e com o tráfico de drogas em nosso Estado. Ou seja, as drogas são o caminho que acaba gerando o aumento da violência”, enfatizou.
Eliziane finalizou o discurso cobrando ações urgentes do Poder Público contra a violência e o tráfico de drogas. “Os programas que deveriam acontecer de forma transversal ligando, por exemplo, as escolas do Maranhão não existem, ou através dos órgãos de saúde são ineficientes. Ou seja, a política social, de saúde e educação que deveriam acontecer de forma transversal e intersetorial, não acontecem no Maranhão, e os impactos das drogas no estado estão sendo catastróficos”, concluiu.
Dados da violência
Na semana passada, a deputada já havia repercutido na tribuna dados divulgados pela imprensa sobre o crescimento da violência no Maranhão que foram apresentados recentemente pelo Ministério Público e Secretaria de Segurança Pública do Estado.
Em seu discurso, Eliziane falou que, como militante dos direitos humanos, não consegue perceber nenhum programa efetivo do governo que contribua para a redução da violência. “O cidadão de bem que tem que ter a garantia de um princípio constitucional, que é o direito de ir e vir não consegue garantir exatamente pela violência que infelizmente é muito grande e não há um cuidado específico para ações do governo na tentativa de redução da violência na cidade e no Estado do Maranhão”, destacou.
Eliziane ainda reiterou no seu pronunciamento que como consequência da falta de ações específicas, jovens e adolescentes acabam ficando ainda mais vulneráveis a violência. “A ineficiência do programa de ressocialização e ineficiência dos programas sociais e educativos que, infelizmente, não acontecem no Estado do Maranhão, colaboram ainda mais para esse quadro de violência que só tem aumentado”, afirmou.
