Em Caxias, fogo destrói casas e deixa um cenário desolador no Povoado Bom Jardim

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Ribamar Santana/ Agência Assembleia
19/10/2016 18h30 - Atualizado em 20/10/2016 09h12

Em Caxias, fogo destrói casas e deixa um cenário desolador no Povoado Bom Jardim
Foto original

“Perdi Tudo. Foi tudo muito ligeiro. Fiquei sem palavras diante do que vi. O fogo veio rápido, trazido pelo vento, devorando tudo o que tinha pela frente”, declarou desolado e ainda abalado emocionalmente, Luís Borges da Silva, lavrador, 57 anos, morador há 18 anos do Povoado Bom Jardim, localizado a 24 Km de Caxias, um dos mais atingidos pelas queimadas, dia 11 de outubro último, por volta das 14h30, com 11 casas transformadas em cinzas.

Luís Borges morava na casa, construída de adobe e coberta de palha, com sua mulher e três filhos, além de perder todos os móveis e eletrodomésticos que possuía, teve também destruído pelo fogo mais de 100 litros de feijão, sacos de arroz e de farinha, que estavam armazenados para o consumo. “Não sei como vai ser. Está nas mãos de Deus. Temos recebido ajuda de muitas pessoas. Espero que o Governo nos ajude”, afirmou.

O povoado Floresta, distante 18 km de Caxias, com 7 casas destruídas, também foi vítima do incêndio que aconteceu, no dia 11 de outubro, em várias localidades de Caxias. “Aqui, o fogo chegou por volta das 3h da tarde. Entrei em pânico, pois moram comigo dois idosos, meu sogro e minha sogra, respectivamente, com 85 e 91 anos. Sendo que ela sofre de Alzheimer e ele sofreu um AVC, e não anda mais. O fogo destruiu minha cozinha e a casa de farinha, que eram cobertas de palha, com tudo que tinha dentro”, declarou, Leonice Oliveira da Costa, 52 anos, lavradora, ainda um pouco rouca devido à fumaça que engoliu.

CAUSAS DA TRAGÉDIA

Segundo o Comandante do 5º Batalhão de Bombeiros Militar de Caxias, Major Harrison Mouzinho, as causas das queimadas são de ordem climática, vegetacional, edáfica (relacionada ao solo) e cultural. “Acreditamos que a causa do fogo que originou essa tragédia no povoado Bom Jardim) foi a ação humana, ou seja, é produto da queima de roça que, tradicionalmente, acontece na região, e que é uma prática secular dos nossos agricultores”, argumentou.

O comandante Harrison disse que, nesta época do ano, tradicionalmente acontecem queimadas nessa região, mas na dimensão das que estão acontecendo agora é a primeira vez. “Agora temos uma combinação de fatores, quais sejam, o longo período de seca, a queima de roças, e o tipo de vegetação e de solo da região. Por isso estamos tendo tantas queimadas, que obedecem ao princípio da irradiação do calor”, esclareceu,

SITUAÇÃO DAS FAMÍLIAS

José Vitorin Silva, 63 anos, aposentado e o mais antigo morador do povoado Bom Jardim, há mais de 40 anos, afirmou que não sabe como vai continuar vivendo, pois não tem mais como botar roça, pois o fogo destruiu tudo. “Só minha aposentadoria não dar para sustentar minha família. Aqui, as poucas chuvas não têm dado nem para encher o caroço do arroz plantado em Baixão. Essas terras só com mecanização para voltarem a produzir. O fogo acabou com tudo. E isto só com a ajuda do Governo. Só Deus pra nos ajudar!”, argumentou.

A igrejinha do povoado Bom Jardim virou o local de armazenamento dos donativos, que chegam de vários locai, para as famílias desabrigadas. São roupas, calçados e alimentos em geral que são acondicionados por dezenas de voluntários. “Vim ajudar quem está precisando. Soube dessa tragédia pela televisão. E vim aqui dar a minha colaboração. Faço por prazer”, disse Rosângela Cardoso Araújo, moradora de Caxias, voluntária do centro de triagem de donativos do Comando do 5º BBP, no Bairro Pirajá.

BALANÇO DAS AÇÕES DE COMBATE ÀS QUEIMADAS

Nesta quarta-feira (19), à tarde, no Comando do 5º BBM de Caxias, foi realizada uma reunião com representantes de órgãos governamentais, de âmbito estadual e municipal, e entidades da sociedade civil, para fazer um balanço das ações de combate às queimadas e assistência às famílias desabrigadas.

“Caxias, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais da Amazônia (INPE), não está mais entre as dez cidades com maior número de queimadas. Estamos numa situação considerada de alto risco. Vamos intensificar nossas ações preventivas, ensinando a população a fazer aceros e como combater o fogo”, revelou o Major Harrison Mouzinho, na abertura da reunião.

Segundo Harrison Mouzinho, uma aeronave (helicóptero) do Centro Tático Aéreo (CTA), continua a operar na região, captando água de vários locais e jogando nas áreas que apresentam focos de incêndio. “Nesses últimos três dias, já despejamos mais de 150 mil litros de água nas áreas de queimadas”, revelou o Tenente Coronel Nilson, piloto da aeronave.


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