Comissões da Assembleia debatem crise do polo siderúrgico na região Sul do Maranhão

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Nice Moraes/Agência Assembleia
22/05/2017 16h33

Comissões da Assembleia debatem crise do polo siderúrgico na região Sul do Maranhão
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As Comissões de Assuntos Econômicos e a de Administração Pública realizaram na última sexta-feira (19), no plenário da Câmara Municipal de Açailândia, uma audiência pública onde foi discutido o impacto da crise do polo siderúrgico, onde três indústrias já encerraram suas atividades, desempregando cerca de cinco mil pessoas.

O evento que ocorreu por iniciativa dos deputados Eduardo Braide (PMN), Wellington do Curso (PP) e Sérgio Vieira (PEN), contou ainda com as presenças dos deputados Marco Aurélio (PCdoB); Vinicius Louro (PR) e Zé Inácio (PT); do prefeito Juscelino Oliveira; do presidente da Câmara Municipal de Açailândia, vereador Ceará; presidente do Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Maranhão, Claudio Azevêdo; o gerente de Operações da Estrada de Ferro Carajás, Pedro Aderson; vereadores; secretários municipais; do vice-presidente da OAB, de Açailândia, Daniel Galvão; sindicalistas; empresários e estudantes. Foi focado especialmente na conjuntura de Açailândia, onde 66% dos metalúrgicos trabalham no segmento.

Na oportunidade, o deputado Eduardo Braide falou da importância da participação da Assembleia Legislativa do Maranhão na discussão, principalmente, na busca de soluções para a crise no setor das siderurgias. Ele disse que a Comissão de Assuntos Econômicos fará os encaminhamentos junto aos governos estadual e federal, bem como à iniciativa privada para que possa dar os incentivos necessários para que não feche mais empresas na região e reabram outras, visando incentivar a geração de emprego e renda para o povo de Açailândia e cidades vizinhas.

Dentre os encaminhamentos constam a criação de uma comissão para ir à Brasília para conversar com a bancada federal maranhense, bem como pedir ao governo do Estado que aprove projeto de lei isentando os impostos dos empresários de Açailândia e cidades da região.

Eduardo Braide lembrou que a audiência pública aconteceu a partir da ida à Assembleia Legislativa de uma comissão formada por vereadores e representantes de sindicatos que, preocupada com a crise no setor, foi pedir o apoio dos deputados.

“É uma preocupação muito grande importante, por que a gente sabe que vários empregos foram perdidos por conta dessa situação. Ao dar uma volta na cidade a gente sente ver placa de aluga-se e vende-se por toda parte. Então, a gente tem muita preocupação em relação a essa situação e é por isso que a Assembleia Legislativa realizou a audiência pública, por meio da Comissão de Assuntos Econômicos onde foi tratada a questão do emprego e das indústrias do Maranhão, bem como a preocupação com o meio ambiente. Nós faremos os encaminhamentos aos governos do Estado e Federal, bem como à iniciativa privada para que possa dar os incentivos necessários para que não feche mais empresas aqui na região”, afirmou Eduardo Braide.

Frente Parlamentar

Sérgio Vieira disse que na próxima semana dará entrada a um requerimento propondo a criação da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Siderúrgico do Maranhão. “Devido a crise nacional, a cidade de Açailândia sofre com mais força devido o polo siderúrgico que é muito forte. Mas nós vamos buscar as soluções para resolver essa crise que afeta toda a região”, disse ele.

O deputado Wellington do Curso disse que ao atrair a atenção da Assembleia Legislativa do Maranhão, é a oportunidade não só de discutir, mas de buscar as soluções para os problemas da crise da indústria siderúrgica da região tocantina. “Esse é o nosso objetivo, vamos apresentar alternativas para o governo do Estado e para  o governo federal para que essa situação possa ser resolvida; que a cidade e região possa sair dessa crise que aflige centenas de famílias. É preciso a união de forças de todos os cidadãos, dos deputados federais, estaduais, dos senadores e dos governos estadual e federal”, afirmou o deputado defendendo um projeto de lei a ser apresentado na assembleia pedindo ao governo do Estado a isenção de impostos para os empresários da região.

O deputado Vinícius Louro – que também participou no ano passado de outra audiência pública em Açailândia, onde também foi tratada o fechamento das siderúrgicas – ressaltou a importância da Assembleia Legislativa em discutir e buscar soluções para a crise do setor. “A crise é nacional. mas nós não podemos aceitar que essas fábricas saiam aqui do Maranhão sem dar qualquer tipo de satisfação, deixando o povo abandonado. Então, essa audiência pública é justamente para encontrarmos soluções, sugestões e evite que essas indústrias fechem prejudicando toda a região”, disse o deputado.

O deputado Marco Aurélio (PCdoB), sugeriu a formação de uma comissão de deputados para ir à Brasília conversar com a bancada federal para mostrar o clamor e, principalmente, destravar o empreendimento de Açailândia. “É preciso ampliar o debate e, principalmente, unir as forças, pois só assim vamos conseguir resolver essa crise que se abateu aqui na nossa região”.

Crise no polo siderúrgico

A crise no setor de ferro-gusa no Maranhão já passa de dois anos. Das cinco siderúrgicas instaladas inicialmente na região Sul do Maranhão, apenas duas estão em funcionamento: a Gusa Nordeste e Viena. A Pindaré e Guarani – ambas de Açailândia - encerraram suas atividades no mês de março desse ano e desempregou cerca de 1.500 trabalhadores.

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Ferro-Gusa do Estado do Maranhão (Sifema), Claudio Azevedo, hoje, dos três fornos da Gusa Nordeste, apenas dois estão funcionando para o atendimento da própria siderúrgica para sua produção de aço e outra parte para exportação. Já a siderúrgica Viena, de cinco forno, só tem dois em atividade.

“A discussão é principalmente sobre o grave momento que vive o município de Açailândia e municípios vizinhos com o fechamento de algumas indústrias siderúrgicas. Nós tínhamos em 2014, cinco siderúrgicas e, hoje, estamos apenas com duas - a Viena Siderúrgica e a Gusa Nordeste; três encerraram as suas atividades”, acentuou Claudio Azevêdo, enfatizando que. diante do fechamento das  Siderúrgicas Guarany, Pindaré e da Ferro Gusa Maranhão houve aproximadamente a demissão de quase cinco mil trabalhadores – direta e indiretamente.

Ele afirmou ainda que o quadro prejudicou e tem prejudicado muito a vida do povo de Açailândia, principalmente o comércio, onde hoje existem várias lojas fechadas tanto em razão da crise que vive o Brasil mas, principalmente, pelo fechamento dessas indústrias. “Isso é muito grave, por isso, nós estamos discutindo nessa audiência e vamos procurar soluções pra que a gente possa manter essas duas que ainda estão em funcionamento”, disse Claudio Azevêdo.

Ao falar sobre o desemprego em Açailândia, o prefeito Juscelino Oliveira disse que, dentro das possibilidades a prefeitura vem ajudando. Semana Passada, por exemplo, encaminhou para votação na Câmara Municipal um projeto de lei dando isenção do ISS. “É a forma como nós podemos ajudar. Mas a nossa preocupação também é com os milhares de pais de famílias que estão desempregados e nós temos que encontrar uma solução para esse problema”, acentuou o prefeito, elogiando a sugestão do deputado Marco Aurélio de formar a criação de uma comissão para ir à Brasília pedir o apoio da bancada federal do Maranhão. “Vamos criar essa comissão porque a solução não está aqui em Açailândia. Está lá em Brasília. Podem contar com o apoio do Poder Executivo de Açailândia, pois o caminho é o diálogo”.

Polo competitivo

O gerente de Operações da Estrada de Ferro Carajás, Pedro Aderson disse que a audiência foi uma oportunidade  para fortalecer o relacionamento da Vale com os guseiros; de esclarecer sob ponto de vista técnico como é que é hoje essa relação; como é que funciona o processo de venda de minério e como é que a Vale  ajuda o polo siderúrgico para se manter mais competitivo dentro da cadeia produtiva.

“O que a gente pode tirar dessa reunião é a construção de um plano, de uma agenda positiva pra que possamos buscar alternativas pra que todos entendam – empresários, siderúrgicas, a Vale e o poder público - que ainda é possível fazer muitos esforços para manter o polo competitivo”, acentuou Pedro Aderson.

Cidade vive pior momento

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Maranhão, Antônio da Silva, disse que a cidade de Açailândia e região vive o pior momento.  Segundo ele, desde 2008 que as siderúrgicas vêm sofrendo crise mas, hoje, a situação é mais grave. Só nesse ano, o Sindicato já fez mais de 600 homologações. “Todos os dias os trabalhadores batem à porta do Sindicato perguntando o que vamos fazer. Mas, nós ainda não temos a solução; precisamos do apoio dos deputados, dos governos estadual e federal; do prefeito e da iniciativa privada para olhar para Açailândia de uma maneira especial”.


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