Nova expedição às nascentes do Rio Balsas mostra que a situação é crítica e piora a cada ano

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Waldemar Ter / Agência Assembleia
04/09/2017 13h40

Nova expedição às nascentes do Rio Balsas mostra que a situação é crítica e piora a cada ano
Foto original

O Rio Balsas, o maior afluente do rio Parnaíba, com cerca de 548 km de extensão e corta o sul do Maranhão pela cidade homônima, pede socorro! A situação é bastante crítica e foi constatada pela 3ª Expedição ao Rio Balsas, neste sábado (2) e domingo (3), formada por ambientalistas, pesquisadores, autoridades e defensores da preservação ao rio, que retornou às principais nascentes, que se localizam a quase 300 quilômetros da cidade.

O grupo viu todas as nascentes praticamente secas. Além dos grandes projetos agropecuários estarem impactando nessa seca em virtude dos desmatamentos e queimadas, os pequenos produtores locais também ajudam no assoreamento por conta da criação de gado e plantação de roças nas cabeceiras. 

Os participantes da nova expedição às nascentes do Rio Balsas, cerca de 80, ficaram estarrecidos com a visão de que a situação é crítica e só piora a cada ano.

Situação crítica

O pedido para a visita ao local partiu da deputada estadual Valéria

Mecedo (PDT) e praticamente todos os órgãos e poderes mandaram representantes, a exemplo da própria Assembleia, a Câmara Municipal, o Governo do Estado, o Ministério Público, o Governo Federal, através do Ibama e do Instituto Chico Mendes e a Prefeitura de Balsas com a Secretaria de Meio Ambiente.

Um dos integrantes da Expedição foi o próprio superintendente do Ibama, Marcos Miranda. Do Instituto, Chico Mendes foi o chefe do Parque Nacional Chapada das Mesas, Deijacy Rego, onde o rio Balsas nasce. Eles disseram que farão relatórios mostrando o Estado crítico do rio e medidas que devem ser tomadas. 

Miranda garantiu que vai solicitar ainda ao deputado Adriano Sarney (PV) que seja criada uma comissão especial para tratar do assunto, por conta da gravidade da situação. Os dois conversaram logamente com os integrantes da Expedição e com a comunidade e participantes.

Representante estadual
Um representante da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), o técnico em meio ambiente Lívio Baldez, também participou da equipe da Expedição. A Sema já fez antes, por meio da Superintendência de Biodiversidade e Áreas Protegidas, uma expedição à Reserva de Recursos Naturais das Nascentes do Rio das Balsas, com a finalidade de diagnosticar a real situação das nascentes do Rio e a biodiversidade local, assim como a avifauna, o inventário florestal nas nascentes e as características físicas e identificação das unidades litoestratigráficas da região. 

Lívio confirmou que o retorno mostrou que a situação é ainda pior, mas assegurou que a Sema deverá tomar medidas necessárias para impedir o avanço do prolema. 

Dessa vez, os técnicos da Sema percorreram as principais nascentes, acompanhados de professores da Universidade Federal do Maranhão e da Universidade Estadual do Maranhão, uma deles a professora Claudiceia Mendes; o Batalhão Florestal, uma engenheira ambiental do Ministério Público, cinco vereadores e muitos moradores. 

Rio secando

Um desses moradores é Aloisio Batista, que vive no local há 54 anos, que admitiu a gravidade da situação e debateu com os participantes as alternativvas para salvar as nascentes do rio Balsas. “É preciso tomar medidas urgentes, caso contrário o rio seca”, afirmou. Ele culpa os grandes produtores de soja e algodão pelo problema, mas não admite que o gado que cria numa das nascentes servindo de bebedouro pode acelar a morte da cabeceira.

Os professores que sempre acompanharam as outras expedições ficaram chocados com a grande devastação nas cabiceiras, principalmente na número um, a Nascente da Limpeza, da qual não corre mais água. O professor e vereador Nelson Ferreira, por exemplo, disse que os grandes projetos e uma roça feita na cabeceira ajudaram provocar erosão e a matar as nascentes.

O vereador Gilson da Bacaba foi outro que integrou a comitiva da nova Expedição e garantiu que vai solicitar da deputada Valéria Macedo que o problema seja distudo mais profundamente na Assembleia Legislativa. “A situação só piora de um ano para outro, predjudicando a população de Balsas”, afirmou.

 Futura geração 
O grupos de professores e alunos distribuíram juntamente com os organizadores da Expedição uma cartilha para um grupo de estudantes do Ensino Básico, sobre como preservar a natureza e fazer a coleta devida do lixo. O lixo que foi produzido pela expedição, por exemplo, foi totalmente recolhido e retornou para Balsas.

Os alunos ficaram sabendo, por exemplo, sobre a biodiversidade da fauna, com 137 espécies de aves, assim, que a área se destaca pelo seu potencial de manutenção da avifauna de transição e é considerada de grande importância para manutenção de espécies ameaçadas, nessa que é uma Área de Preservação Permanente (APP). 
Houve também palestras educativas e vários debates com as autoridades e outros particoantes ao longo dos dois dias, além de várias visiações aos locais mais prejudicados do rio.
O principal organizador da Expedição, o ecologista Miranda 

Júnior, puxou juntamente com os demais debates sobre a situação do rio e como as autoridades podem fazer para reduzir o graude de devastação nas cabiceiras. 

Morrendo aos poucos
O rio Balsas, por ser o principal afluente da bacia do Parnaíba por conta do volume de água que joga na foz deste rio, tem um importante papel socioeconômico para a região sul do Maranhão. Balsas possui o terceiro maior PIB do Estado e influencia municípios como Tasso Fragoso, Riachão e Sambaiba.
Se nas nascentes, a situação é crítica na zona urbana do município de Balsas o problema não é diferente. Esgotos de vários tipos são jogados diretamente no rio causando doenças nas pessoas, a morte de peixes e vários outros problemas ambientais.

Além dos seus recursos naturais, o rio permite o desenvolvimento de inúmeras atividades: pesqueiras e agropastoris, de navegabilidade, produção de energia elétrica, abastecimento urbano e lazer, mas o plantio de soja e algodão, com devastação de grandes áreas e uso de agrotóxicos, só piora o estado crítico, segundo avaliação de todos.

 


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