O consumo de medicamentos para ansiedade aumentou durante a pandemia de Covid-19, pois o confinamento alterou a vida e a rotina de todos, indo do trabalho remoto ao afastamento de amigos e parentes. No período, a saúde mental de bilhões de pessoas foi afetada em todo o mundo.
O universitário Lucas Vinícius teve diversos problemas provocados pela ansiedade e, por causa de situações familiares e na faculdade, teve a primeira crise em 2020, quando percebeu a necessidade de ir buscar ajuda especializada.
“Percebi que precisava buscar ajuda psicológica. E eu busquei. No meio das sessões, eu fui aconselhado a procurar um psiquiatra para iniciar um tratamento, não só a psicoterapia, mas um tratamento medicamentoso”, relata ele.
Um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Farmácia mostra que quase 100 milhões de caixas de medicamentos controlados, para esse fim, foram vendidos durante o ano de 2020, o que representa um aumento de 17% em relação ao ano anterior.
“A gente vive numa época que é buscada sempre a solução mais rápida. Então, o que acaba ‘compensando mais’ para algumas pessoas: entrar num processo de terapia, de análise, ou comprar um remédio que vai agir ali diretamente no sintoma. O que pode estar acontecendo nesse aumento seja isso: uma busca rápida para solucionar um problema que está acontecendo ali, naquele momento”, afirma o psicólogo Francelmo Braga.
O especialista alerta, ainda, sobre os riscos relacionados à automedicação. Mesmo os remédios isentos de prescrição médica podem causar danos, especialmente se forem utilizados sem indicação ou orientação profissional.
“Isso pode acarretar nas pessoas uma tendência a se tornar dependente do remédio, dessa medicação. Isso se você não faz a medicação acompanhada com o tratamento psicológico”, observa o psicólogo.
O ideal, segundo ele, é que a população busque formas de cuidar da saúde mental não só com o uso de medicações, mas procurando ter uma rotina saudável, com exercícios, alimentação e acompanhamento psicológico.