São João: conheça os sotaques do bumba meu boi do Maranhão

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Agência Assembleia
15/06/2022 17h26 - Atualizado em 15/06/2022 19h55

São João: conheça os sotaques do bumba meu boi do Maranhão
Bumba meu boi traduz um dos principais traços da identidade do povo maranhense | Reprodução
Foto original

O bumba meu boi traduz um dos principais traços da identidade do povo maranhense e dá o tom das festanças juninas no Estado. A tradição popular constitui um complexo cultural que compreende uma variedade de estilos e multiplicidade de grupos, que divididos em sotaques: matraca, zabumba, orquestra, costa-de-mão e baixada. Você sabe diferenciá-los?

Cada sotaque tem especificidades que se manifestam nos ritmos das músicas, na escolha dos instrumentos, nas indumentárias, nos personagens e nos passos e evolução da dança, que podem formar círculo, semicírculo ou fileiras simétricas.

Matraca

O mais popular e com maior número de grupos, o sotaque de matraca é de origem da Ilha de São Luís. O instrumento que dá nome ao sotaque é composto por dois pequenos pedaços de madeira, o que motiva os fãs a fortalecerem o som. Além das matracas, os brincantes usam pandeirões e tambores-onça (uma espécie de cuíca com som mais grave).

O caboclo de penas é um brincante exclusivo desse sotaque, usa um cocar com penas na horizontal e veste saiote, gola e adereços nos braços e pernas de penas de ema tingidas em cores variadas. As índias também possuem a mesma indumentária. Vale destacar, ainda, o chapéu diferenciado desses brincantes, usado com a aba virada na frente.

Os principais grupos que compõem o os bois com sotaque de matraca são Boi da Maioba, Boi da Pindoba e Boi de Maracanã. Este último se apresentará nesta quarta-feira (15) no ‘Arraiá do Povo’, no estacionamento da Assembleia Legislativa do Maranhão, às 23h.

Zabumba

Pandeirinhos, maracás e tantãs, além das zabumbas (grandes tambores), dão ritmo para os brincantes. De todos os sotaques, o zabumba é o que mantém com mais originalidade a influência africana e açoriana nas apresentações. No vestuário, destacam-se golas e saias de veludo bordado e chapéus com fitas coloridas, além de miçangas e canutilho nas roupas.

O sotaque originou-se no município de Guimarães e, embora seja considerado o primeiro sotaque de bumba-meu-boi, os grupos vêm reduzindo e perdendo espaço nos arraiais a cada ano. Uma das razões é que outros sotaques mais dançantes e enfeitados, como os de orquestra, têm atraído mais brincantes do que os sotaques mais enraizados.

Orquestra

O sotaque de orquestra é originário da região do Rio Munim e surgiu a partir da incorporação de outras influências musicais ao bumba-meu-boi. Os sons de sopro e cordas foram incluídos por meio de instrumentos como saxofone, clarinete e banjo, tornando o sotaque diferenciado.

Os brincantes usam peitilhos e saiotes de veludo com miçangas e canutilhos. O Boi Novinho Branco, Boi Lendas e Magias e Boi de Axixá, o mais antigo dos grupos desse sotaque, também se apresentarão nesta quarta-feira no ‘Arraiá do Povo’, às 20h, 21h e 22h, respectivamente.

Costa-de-mão

Tradicional da região de Cururupu, no litoral Noroeste do Maranhão, o sotaque costa-de-mão tem raízes do período da escravidão e não tem a mesma fama dos outros sotaques. Ainda assim, é um símbolo cultural que permanece transmitindo sonoridades e apresentações que não se encontram em nenhum outro lugar do mundo.

Como principais características, os bois de costa-de-mão são reconhecidos pela forma como os brincantes tocam os instrumentos: literalmente com as costas das mãos. Além de roupa em veludo bordado, os brincantes usam chapéus em forma de cogumelo, com fitas coloridas e grinaldas de flores. Os grupos mais conhecidos são Brilho da Sociedade e Soledade.

Baixada

Matracas e pandeiros pequenos dão o ritmo deste sotaque. Um dos destaques é o personagem Cazumbá, uma figura mascarada com um vestido cheio de bordados e coloridos e um badalo na mão, como um sino de boi, que diverte os brincantes e o público. Outros usam um chapéu de vaqueiro com penas de ema.

Seus principais grupos são Boi da Floresta de Apolônio, Boi Oriente, Boi União da Baixada, Boi de Pindaré, Boi Unidos de Santa Fé e Boi Penalva do Bairro de Fátima.

 

 


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