Maioria dos idosos vítimas de violência na Ilha são mulheres, pardas e de baixa renda

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Agência Assembleia
05/07/2022 15h15

Idosas com idade entre 60 e 70 anos, que se autodeclaram pardas, alfabetizadas e com renda de até um salário mínimo são as maiores vítimas de violência na Região Metropolitana de São Luís. O dado é da pesquisa do Núcleo de Pesquisa Educação e Cuidado em Enfermagem (Nupece), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a partir de denúncias recebidas pelo Centro Integrado de Apoio e Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa (Ciapvi) da Defensoria Pública do Estado do Maranhão (DPE/MA).

O resultado foi apresentado pelo professor mestre Rafael de Abreu Lima, que coordenou o estudo, durante a reunião ampliada da Associação Nacional de Gerontologia no Maranhão, dentro da programação da Campanha de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa 2022, que será encerrada na terça-feira (5), com audiência pública sobre o assunto no auditório da OAB-MA.

A pesquisa aponta, ainda, o perfil dos agressores e as principais violências praticadas. Foram analisadas 5.743 notificações de violência contra a pessoa idosa na Região Metropolitana de São Luís, recebidas pelo centro especializado da Defensoria, no período de 2015 a 2020.

Mulheres são maioria entre as vítimas, um total de 58,9%. Já os homens, são 41,1%. A maioria das pessoas que sofreram algum tipo de violência tem entre 60 e 70 anos. A maioria das vítimas, 52,9%, é autodeclarada parda e 87,5% escolarizados.

O estudo das denúncias aponta que um total de 86,1% das pessoas que sofreram violência tem renda de até um salário mínimo, o que demonstra que a baixa renda tem se mostrado fator de risco para todos os tipos de violência.

A negligência, caracterizada pela falta de cuidados básicos com o idoso, relacionados à higiene, saúde, medicamentos ou mesmo proteção contra frio ou calor, foi a violação mais cometida. Foram 31,2% dos casos de violência no período avaliado, seguidos de casos de violência psicológica (50%) e abuso financeiro (21%), que também tiveram uma prevalência.

E quem mais se destacou dentre os agressores que cometeram violência contra pessoas idosas foram os próprios filhos (48,3%), que apresentaram um percentual significativo ao longo do período estudado.

O estudo aponta alguns aspectos que podem explicar essa relação entre agressores filhos e pais vítimas. Uma delas são os novos modelos familiares, que vislumbram os casos dos filhos que têm retornado para a casa dos pais, e o fato de o idoso ser o responsável pelo sustento de todos, o que gera uma dependência financeira dos filhos.

Reporta, também, em alguns casos a falta de vínculo significativo entre o filho e o idoso, por vezes, decorrente da exposição à violência desde a infância e da transmissão intergeracional desse comportamento violento. Outros parentes, como primos, sobrinhos e netos, também se destacam entre agressores as instituições.

Segundo a coordenadora do Centro Integrado de Apoio e Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa (Ciapvi), Isabel Lopizic, a violência institucional é aquela exercida dentro do ambiente institucional seja público ou privado, em que o idoso tem atendimento negado ou é tratado de forma agressiva ou com descaso.

Mais do que evidenciar o perfil das vítimas e dos agressores e os casos de violência mais denunciados, a pesquisa expôs ainda um importante dado: a tendência de crescimento entre os tipos de violência denunciados. Entre 2015 e 2020, houve um aumento considerável nos casos de abandono (13,22%), negligência (20,22%) e autonegligência (20,83%).


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