A fibromialgia é uma doença que não tem cura e, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, atinge mais de 4 milhões de brasileiros. Os sintomas se confundem com os de outras doenças, o que muitas vezes pode ser a causa do diagnóstico tardio.
“Eu já tinha noção da fibromialgia porque uma amiga tinha e, como achava parecidos os sintomas, ela dizia que eu tinha a doença. Mas eu dizia que era reumatismo, porque era o que os médicos diziam. Depois que eu fui me alertas, quando eu fiquei mesmo incapacitada de movimentar meus braços, de cumprir os afazeres domésticos, coisas simples, como tomar um banho, pentear o cabelo, vestir uma roupa, abotoar uma bermuda, e eu não conseguia”, relatou a professora aposentada Ivanira Pestana Martins, que foi diagnosticada com a doença.
Foram mais de 10 anos até receber o diagnóstico. A professora precisou ir a outro estado em busca do tratamento adequado de controle dos sintomas e para ter de volta a qualidade de vida tomada pela fibromialgia. “Tomo só medicação manipulada. Ele (o médico) coloca uma medicação química e as outras são todas fitoterápicas, são quatro, às vezes cinco componentes num comprimido só. Eu me sinto bem, não fico dopada”, assegura a aposentada.
De acordo com a médica Rosana Castello Branco, especialista em Medicina da Família, não existe uma causa específica para a doença, sendo que 7 em cada 10 pessoas com fibromialgia são mulheres.
“Existem hipóteses. Algumas pessoas colocam que história familiar positiva para a doença é mais comum nessa família, mas nunca existiu nenhum gen específico para essa doença. Outras causas são, geralmente, as pessoas estressadas, ansiosas, tanto que a fibromialgia pode ser desencadeada de forma espontânea como pose ser desencadeada pós-evento traumático”, ressaltou.
A médica destacou também que durante a pandemia de Covid-19 acelerou os sintomas da doença. “Nesse período de pandemia, as pessoas que já tinhas histórico de fibromialgia exacerbaram demais os sintomas devido ao processo doloroso da própria doença e ao impacto psicoemocional que o coronavírus causou”, observou.
De difícil diagnóstico, a fibromialgia provoca dores crônicas nos pacientes. Um projeto de lei aprovado em dois turnos na Assembleia Legislativa do Maranhão e sancionada pelo governo do Estado, institui a esses pacientes os mesmos benefícios das pessoas com deficiência. Entre os direitos assegurados, atendimento prioritário em agências bancárias, supermercados e unidades de saúde, além de vagas específicas em estacionamentos.
“A fibromialgia é uma doença sem cura, é uma doença do sistema nervoso central, que traz grandes limitações a quem a tem. É um projeto que avança em relação ao Brasil, que serve de exemplo, e nós podemos avançar nesse sentido de que é uma doença que precisa ser reconhecida, compreendida pela sociedade”, observou a presidente da Associação Brasileira de Fibromiálgicos (Abrafibro), Simone Eli Bombardi.