No Ceará, chikungunya matou mais do que dengue em uma década

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10/04/2023 10h40

Atualmente, todos os estados brasileiros registram transmissão da chikungunya, uma arbovirose, ou seja, uma doença causada por vírus transmitidos por inseto, que causa principalmente dores intensas nas articulações, febre, erupção avermelhada da pele, entre outros sintomas. Não há vacinas ou medicamentos para prevenir ou tratar a infecção, apenas remédios para alívio dos sintomas, que podem durar de cinco a 14 dias na fase aguda e até três meses na fase crônica. Em alguns casos, pode levar à morte.

O Ceará, no Nordeste do Brasil, é a unidade federativa com o maior número de casos de chikungunya (77.418) registrados no país. No estado, o número de mortes pela doença nos últimos dez anos foi superior ao da dengue, que é transmitida pelos mesmos mosquitos das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus. Foi registrado 1,3 óbito por mil casos diagnosticados, enquanto a taxa de mortalidade da dengue é de 1,1 por mil.

A conclusão é do maior e mais abrangente estudo epidemiológico sobre o tema, publicado na revista The Lancet Microbe no último dia 6. A partir das análises, os pesquisadores foram capazes ainda de determinar o padrão de disseminação da doença e os fatores de risco que podem servir de base para a elaboração de estratégias efetivas de controle, prevenção e tratamento.

Entre 3 de março de 2013 e 4 de junho de 2022, foram notificados 253.545 casos de chikungunya confirmados em laboratório em 3.316 (59,5%) dos 5.570 municípios, distribuídos principalmente em sete ondas epidêmicas de 2016 a 2022 afetando todos os estados do Brasil. Cada região funcionou como um “pequeno bolsão” da doença e foi afetada de forma diferente em cada momento. O Ceará foi o estado mais afetado, com 77.418 casos durante as três maiores ondas epidêmicas em 2016, 2017 e 2022.

O virologista brasileiro William Marciel de Souza, um dos autores do trabalho e pesquisador do Centro Mundial de Referência de Vírus Emergentes e Arbovírus da University of Texas Medical Branch, nos Estados Unidos, explicou, em entrevista à Agência Brasil, por que o estado foi o mais atingido.


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