‘Diário da Manhã’ - Yalorixá Jô Brandão fala sobre trabalho do Coletivo Dan Eji, racismo religioso e ações de fortalecimento da cultura

Ela falou sobre o suposto caso de intolerância religiosa ocorrido no último domingo em São Luís

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Agência Assembleia
26/07/2023 14h51 - Atualizado em 26/07/2023 17h54

‘Diário da Manhã’ - Yalorixá Jô Brandão fala sobre trabalho do Coletivo Dan Eji, racismo religioso e ações de fortalecimento da cultura
Jô Santana fala sobre caso de intolerância religiosa ocorrido em São Luís recentemente | Agência Assembleia
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A yalorixá Jô Brandão, coordenadora do Coletivo Dan Eji, foi uma das entrevistadas desta quarta-feira (26) no programa ‘Diário da Manhã’, na Rádio Assembleia (96,9 FM). Ela falou sobre o suposto caso de intolerância religiosa ocorrido no domingo (23), em São Luís, em que o rosto de uma imagem de Iemanjá foi alvo de vandalismo, além do trabalho realizado pelo coletivo e a importância da Lei Paulo Gustavo, de incentivo à cultura.

Jô Brandão explicou que o Coletivo Dan Eji é uma organização não-governamental criada em 2018, situada no bairro Gapara, na capital maranhense, com atuação voltada para o enfrentamento ao racismo religioso.

“Somos compostos pelos povos de terreiro, mulheres negras, ambientalistas e nossa linha forte de atuação é esse enfrentamento ao racismo religioso, operando no sentido de construir métodos e articulações para o acesso à Justiça dessas comunidades, com ênfase nas mulheres de axé”, afirmou.

A yalorixá também teceu comentários sobre o ato de vandalismo contra a imagem de Iemanjá na Praia do Olho d’Água, em São Luís, afirmando que esse não foi um caso isolado e ataques como esse têm sido crescentes não somente no Maranhão, mas em todo o país.

“Não trato isso como vandalismo. Isso, para mim, é crime de racismo religioso, porque você não está atacando um prédio comum. Mesmo sendo patrimônio público, nós estamos tratando de uma imagem que é referência da tradição religiosa, nesse caso de matriz africana. Ainda que a imagem não seja sacralizada nos nossos terreiros, para nós ela é sagrada, na medida em que é uma referência e a cultuamos”, assinalou.

Jô Brandão falou ainda sobre a Lei Paulo Gustavo, de incentivo à cultura, destacando que ela é fruto dos movimentos culturais e de fazedores de cultura do país, além de parlamentares comprometidos com essa pauta.

“É uma lei criada no bojo da pandemia, com a Lei Aldir Blanc, para subsidiar os grupos que tiveram grande impacto naquele período. Então, uma gestão comprometida, quando entra em crise, a primeira preocupação deve ser criar medidas para subsidiar os grupos para que possam sobreviver economicamente. A cadeia produtiva da cultura é muito forte e não pode ser ignorada por nenhum governo”, finalizou. 


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