Ela falou sobre o suposto caso de intolerância religiosa ocorrido no último domingo em São Luís
Agência Assembleia
A yalorixá Jô Brandão, coordenadora do Coletivo Dan Eji, foi uma das entrevistadas desta quarta-feira (26) no programa ‘Diário da Manhã’, na Rádio Assembleia (96,9 FM). Ela falou sobre o suposto caso de intolerância religiosa ocorrido no domingo (23), em São Luís, em que o rosto de uma imagem de Iemanjá foi alvo de vandalismo, além do trabalho realizado pelo coletivo e a importância da Lei Paulo Gustavo, de incentivo à cultura.
Jô Brandão explicou que o Coletivo Dan Eji é uma organização não-governamental criada em 2018, situada no bairro Gapara, na capital maranhense, com atuação voltada para o enfrentamento ao racismo religioso.
“Somos compostos pelos povos de terreiro, mulheres negras, ambientalistas e nossa linha forte de atuação é esse enfrentamento ao racismo religioso, operando no sentido de construir métodos e articulações para o acesso à Justiça dessas comunidades, com ênfase nas mulheres de axé”, afirmou.
A yalorixá também teceu comentários sobre o ato de vandalismo contra a imagem de Iemanjá na Praia do Olho d’Água, em São Luís, afirmando que esse não foi um caso isolado e ataques como esse têm sido crescentes não somente no Maranhão, mas em todo o país.
“Não trato isso como vandalismo. Isso, para mim, é crime de racismo religioso, porque você não está atacando um prédio comum. Mesmo sendo patrimônio público, nós estamos tratando de uma imagem que é referência da tradição religiosa, nesse caso de matriz africana. Ainda que a imagem não seja sacralizada nos nossos terreiros, para nós ela é sagrada, na medida em que é uma referência e a cultuamos”, assinalou.
Jô Brandão falou ainda sobre a Lei Paulo Gustavo, de incentivo à cultura, destacando que ela é fruto dos movimentos culturais e de fazedores de cultura do país, além de parlamentares comprometidos com essa pauta.
“É uma lei criada no bojo da pandemia, com a Lei Aldir Blanc, para subsidiar os grupos que tiveram grande impacto naquele período. Então, uma gestão comprometida, quando entra em crise, a primeira preocupação deve ser criar medidas para subsidiar os grupos para que possam sobreviver economicamente. A cadeia produtiva da cultura é muito forte e não pode ser ignorada por nenhum governo”, finalizou.
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