24/10/2023 17h21

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Os motivos e as consequências de guerras que colocam em xeque a paz no planeta foram debatidos no programa ‘Contraplano’ desta terça-feira (24), na TV Assembleia. Os convidados foram o historiador Alírio Carvalho Cardoso, o sociólogo Guillermo Johnson e o cientista político Hesaú Rômulo.

O porquê das guerras ocorrerem foi comentado pelos convidados, ressaltando a complexidade do tema. “Não existe um único momento da história registrada em que você não tenha um conflito, de média ou grandes proporções”, assinalou Alírio Carvalho Cardoso, que ministra disciplina História da guerra.

Ele informou que o primeiro registro de um conflito de uma sociedade apontado por arqueólogos data de 14 mil anos atrás e foi encontrado em região da fronteira entre o Egito e o Sudão. Também relatou que historiadores defendem que a primeira guerra considerada mundial ocorreu no século XVII, entre Holanda e Espanha, a Guerra de Flandres, e suas consequências atingiram o Maranhão.

“A partir de 1641, a Ilha do Maranhão passa a ser administrada pela Companhia da Índias Ocidentais. Então, é complexo. Ao que parece, a guerra acompanha a humanidade”, analisou.

O sociólogo Guillermo Johnson também afirmou que existem muitos antecedentes de conflitos na história da humanidade. “Há uma disputa recorrente na medida em que existe a possibilidade de poder submeter o outro e tentar fazer com que o outro trabalhe para você, que você se aproprie de bens. Essa é uma questão colocada historicamente”, destacou.

De acordo com ele, há também uma tentativa de naturalizar os conflitos, de dizer que este é inerente ao ser humano. “O que é inerente ao ser humano é a diferença; o conflito, não necessariamente”, sentencia.

Guillermo Johnson ressaltou, ainda, a disputa por território como uma das grandes motivações dos conflitos. “A questão territorial é fundamental, continua sendo um elemento muito forte, a partir do momento que o território é objeto de valor. Antes, quando a perspectiva do uso territorial era comum e não necessariamente alguém tinha que ser dono, se apropriar da terra, essa luta pelo território não estava colocada. A partir do momento em que há uma apropriação individual, a luta pelo território se instaura”, observou.

Espinhoso

O cientista político Hesaú Rômulo afirmou que o tema é bem espinhoso e comentou sobre os conflitos mais recentes, entre o grupo Hamas e Israel e entre Rússia e Ucrânia, e também sobre as forças geopolíticas por trás dos conflitos. Nesse cenário, ele destacou origens e marcos históricos importantes.

“No caso de Rússia e Ucrânia, é uma disputa por região da Criméia, que já vem se arrastando há alguns anos, mas também uma posição dos Estados Unidos com a adesão de membros da OTAN [Organização para o Tratado do Atlântico Norte], havia um pacto nos anos 1990 e esse pacto foi descumprido”, detalhou.

Ele relatou que, no caso da disputa entre Israel e Palestina (não restringindo ao Hamas), o marco é 1947, ano do acordo para a criação do Estado de Israel. “Então, a gente tem que voltar um pouco e entender qual foi o contexto do século XX, para que a gente tenha condições de avaliar que o conflito que acontece hoje são reminiscências de problemas maus resolvidos”, ressaltou.

O programa 'Contraplano' é apresentado pelo jornalista Fábio Cabral e é exibido todas as terças-feiras, às 15h, pela TV Assembleia (canal aberto digital.9.2; Max TV, canal 17; e Sky, canal 309).