31/01/2024 14h45

‘Toda Mulher’ aborda luta pelos direitos dos LGBTQIA+ e importância do Dia Nacional da Visibilidade Trans

As mulheres trans Júlia Rodrigues e Jennifer Froes Martins destacaram importância de dar espaço ao tema da luta dos travestis e transexuais

Agência Assembleia

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‘Toda Mulher’ aborda luta pelos direitos dos LGBTQIA+ e importância do Dia Nacional da Visibilidade Trans
As mulheres trans Júlia Rodrigues e Jennifer Froes Martins com a jornalista Márcia Carvalho

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Nesta quarta-feira (31), o programa ‘Toda Mulher’, da TV Assembleia, abordou a luta pelos direitos das pessoas trans no Brasil e, especificamente, no Maranhão e a importância de se comemorar o Dia Nacional da Visibilidade Trans (29 de janeiro). A apresentadora e jornalista Márcia Carvalho conversou sobre a temática com Júlia Rodrigues, mulher trans e ativista, graduada em designer e hotelaria, e mestre em Psicologia, e a mulher trans Jennifer Froes Martins, atriz do grupo teatral Improviso, pesquisadora e graduanda em licenciatura em Teatro, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Dados recentes apurados pelo Grupo Gay Bahia, organização não governamental (ONG) mais antiga da América Latina, apontam que o Brasil continua sendo o país mais letal por homotransfobia do mundo. Em 2023, foram registradas 257 mortes violentas de pessoas LGBTQIA+. O número pode ser maior porque muitas vezes a orientação sexual ou identidade de gênero são omitidas nos registros.

A referida ONG considera esse cenário como absurdo e vergonhoso e que, apesar das campanhas que orientam e demandam, sobretudo, o respeito e a proteção da população LGBTQIA+, no Brasil nada muda.

Visibilidade

Inicialmente, Júlia Rodrigues destacou a importância de se dar visibilidade ao tema da luta dos travestis e transexuais pelos seus direitos, minorias que, historicamente, têm seus direitos negados.

“Comemorar essa data, que é um marco na história do movimento contra a transfobia, é, acima de tudo, proporcionar às pessoas trans a reflexão de que elas têm espaço social. Não existe uma receita para ser mulher. O preconceito que sofremos da sociedade ainda é gigantesco. Para nós, trans, o padrão de mulher é mais agressivo porque destituem nossa identidade O acesso das pessoas trans a serviços públicos de assistência só existe, hoje, em cinco estados da Federação. Eu tive que me dirigir a Recife (PE) para ser atendida”, acentuou.

Para Jennifer Froes, é importante trazer essa discussão para a sociedade porque é uma forma de se provar que, de fato, a gente vive numa sociedade preconceituosa, que discrimina os trans e outras minorias.

“Sinto-me duplamente discriminada pelo fato de ser mulher trans e negra. Querem nos impor um padrão de ser mulher. A sociedade capitalista desenvolveu um modelo de mulher e busca a todo custo fazer prevalecer. E fazer essa reflexão é uma forma de contribuir para conscientizar a sociedade de que precisamos respeitar as diferenças, a diversidade”, frisou.

Enfrentamento

“Enfrentamos essa carga de preconceito com muita paciência. Hoje, trabalho na Casa do Maranhão e sempre sou um choque para as pessoas quando me veem. As pessoas esperam que as mulheres trans estejam na prostituição ou na marginalidade. Mas, ao mesmo tempo, passo a ser referência para outras meninas trans. Socialmente, não se via a gente ocupando esse espaço. Essa discriminação tem origem no processo de colonização do Brasil, nos foi imposta pelos europeus. Os povos originários sempre tiveram pessoas trans, a exemplo de Chica Manicongo, considerada primeira travesti brasileira, que viveu no período da escravidão”, afirmou Jennifer ao analisar a forma como encara o preconceito da sociedade.

Júlia Rodrigues disse que essa questão leva a se pensar que, enquanto mulher trans e negra, deve está de bem consigo. “Mas, na verdade, é o outro que se incomoda com meu nome, cabelo, comportamento, ou seja, é o outro que está sempre incomodado. É esse outro que cria estereótipo e barreiras para que a gente não consiga ascender socialmente. Então, o incômodo é do outro, não é meu”, acentuou.

Transfeminicídio

De acordo com Júlia Rodrigues, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) afirma que, no Brasil, temos um número massivo de mulheres trans mortas.

“E a grande maioria é de mulheres trans negras. E elas são mortas com requinte de crueldade, como forma de eliminação mesmo. E, sendo assim, não se pode falar de feminicídio, mas sim de transfeminicídio por tratar-se de uma morte específica de mulheres trans negras”, defendeu.

Desafios

Júlia Rodrigues sugere muita calma e paciência para a comunidade trans no enfrentamento diário dos preconceitos. “É importante refletir e pensar sobre você mesma. Buscar conhecimento e atendimento de qualidade, onde você não prejudique a sua saúde. Lembre-se que não existe aquela pílula da Matrix, que você toma e vai para um outro lugar e está tudo resolvido. Acredite em quem você é. Dê tempo ao tempo e respeite os limites do seu corpo. Acredite em quem você é. Só você sabe os sonhos que moram dentro do seu coração”, afirmou.

“É preciso dar tempo ao tempo. Cada corpo é um corpo. Foque nos seus sonhos, foque em você. Pesquise, estude e conheça as leis que te protegem. Temos direito de sonhar. Corra atrás de seus sonhos”, sugeriu Jennifer Froes.

O programa ‘Toda Mulher’ é exibido às quartas-feiras, sempre às 15h, na TV Assembleia (canal aberto digital 9.2; Maxx TV, canal 17; e Sky, canal 309).



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